Blog em Manutenção...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Abelhas, Tubarões e Humanos

Marcelo Victor

Marcelo Victor
    “Se todas as abelhas sumissem repentinamente da terra, a vida humana se extinguiria em quatro anos”. Essa frase, que alguns afirmam ser de Albert Einstein, é um tanto quanto exagerada quando vista pela primeira vez. Como esses insetos tão insignificantes podem estar ligados ao equilíbrio da vida humana no planeta? A explicação virá mais à frente, depois dessa outra afirmativa sensacionalista: “Os temidos tubarões não podem ser extintos, pois a sobrevivência do planeta também depende deles”. Essa parece mais absurda que a anterior não é mesmo?
    Mas não é. Primeiramente, as abelhas são responsáveis pela polinização de grande porcentagem dos alimentos vegetais que consumimos. As grandes monoculturas dependem imensamente do trabalho das abelhas. E essas plantas também são a base de alimentação para os animais que são utilizados para consumo humano. Portanto, sem abelhas, sem legumes, verduras ou carne. Pelo menos em grande escala como se tem hoje. Perturbador não é?
    Em segundo lugar, os tubarões, assim como outros grandes peixes, se alimentam de outros pequenos peixes, que por sua vez se alimentam do plâncton, que é o grande responsável pelo oxigênio produzido pelos oceanos. Sem os tubarões, os peixes pequenos se multiplicariam de tal forma que consumiriam todo o plâncton dos oceanos, acabando com o oxigênio do planeta. Sem oxigênio sem vida, claro. Interessante, não é?
    Mas qual a intenção do autor desse texto em citar esses exemplos?
Web
   A intenção é mostrar que por mais avançado que se pense estar a mente humana, ainda não conseguimos entender a nossa conexão com nosso mundo. O homem ainda não percebeu que existe uma ligação entre a vida no planeta e o próprio planeta. Que tudo está interligado e em equilíbrio, e que esse equilíbrio precisa ser preservado. Não precisamos saber quem criou esse equilíbrio, nunca saberemos, só precisamos saber que cada peça desempenha um papel importante no funcionamento da grande máquina. E que precisamos manter essas peças sempre funcionando.
    Ao invés de buscar respostas nas religiões e/ou na ciência sobre questões bobas como “de onde viemos?” e “para onde vamos?” deveríamos, sim, tentar encontrar o nosso lugar nessa grande máquina, tentar achar o espaço de encaixe da espécie humana nessa grande engrenagem, pois parece que somos os únicos que ainda não acharam. E dessa forma, só atrapalhamos o mundo de seguir em frente. 


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em Educação, mora em Palmas-TO e trabalha atualmente no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-CEREST - TO.


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Disseminando o Saber...

COMO FOI O 3º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM COMUNICAÇÃO DO CEULP

Ivan Silva

Organizadores
     A vida acadêmica é marcada por muito esforço, pesquisas, broncas, conselhos, e o melhor de tudo, desenvolvimento e amadurecimento pessoal. São anos de descoberta sem fim dentro do universo infinito do conhecimento, e dificilmente se sai da universidade da mesma forma que  se entra. A tendência é sempre a progressão. No fim, quando alcança-se o estágio da formatura, vem a recompensa e a descoberta de que tudo o que se aprendeu é apenas um ramo da enorme árvore do saber. Fazer o que, não é? A vida é assim mesmo. Como diz um grande poeta da música brasileira: “o tempo não pára”. Nunca pode parar.
   A pesquisa é algo que sempre moveu o homem. Para descobrir a melhor maneira de conduzir sua vida cotidiana, ele sempre se valeu do conhecimento produzido no decorrer da história, e buscou a orientação dos mestres para criar suas obras e transformar o mundo. Tendo em vista essa realidade inquestionável, não se pode deixar de mencionar as iniciativas que promovem a pesquisa e a disseminação do conhecimento. Incentivo ainda é a palavra chave para a produção. Por isso, o Seminário de Pesquisa em Comunicação do curso de Comunicação Social/ Publicidade e Jornalismo, da faculdade Ceulp-Ulbra, Palmas-TO, sem dúvida é referencia no assunto.
    Ele chega à sua 3° edição com todo o brilhantismo conquistado até agora: é um evento que além de promover a difusão das pesquisas apresentadas pelos acadêmicos do curso, por meio dos projetos e dos artigos científicos produzidos, incentiva à prática louvável do ato de pesquisar. Com isso, tanto ganha os acadêmicos pelo conhecimento e prática adquiridos no processo de pesquisa quando a sociedade por se beneficiar com seus resultados.
    Neste ano, o Seminário de Pesquisa, que aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro, foi permeado por ótimos trabalhos. Os temas dos cinco artigos apresentados foram: Marketing de Relacionamento: o pós venda na fidelização de clientes; O processo da Imagem Institucional da FMM Engenharia em Palmas Tocantins; Telecentro como instrumento de inclusão digital; A recepção do cibernauta tocantinense: Análise do seguidor-leitor da @robertatum e Twitter e redes sociais virtuais: novo caminho para o mercado publicitário. A orientação dos artigos ficou com as professoras mestres Valdirene Cássia da Silva e  Jocyelma Santana dos Santos.
Rodrigo (mediador) e Juliana Santana 
    Projetos de pesquisa e artigos científicos à parte, a noite do dia 24, que deu inicio aos dois dias de evento, foi muito especial e memorável. Uma palestra de tirar o fôlego foi a grande atração. Juliana Santana, que é professora mestre em Estética e Filosofia da Arte na UFT (Universidade Federal do Tocantins) fez uma verdadeira radiografia da indústria cultural e uma propaganda irresistível do fenômeno da Comunicação de Massa como objeto de pesquisa. Falou sobre o posicionamento crítico dos pensadores da Escola de Frankfurt Theodor W. Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973) homens que se valiam da teoria critica, fortemente influenciada pelas idéias marxistas, para entender e analisar a dominação, manipulação e exclusão de certos grupos sociais através da mídia. Na cultura de massa, segundo essa linha de raciocínio, os produtos produzidos e transmitidos através do processo midiático são carregados de ideologias e valores, que muitas vezes modificam o comportamento de quem os consome, atendendo a uma expectativa mercadológica. 
    Como o fenômeno da Comunicação de Massa é um assunto muito corrente dentro do curso de Comunicação Social, a palestra foi um verdadeiro achado. Deu para compreender um pouco mais sobre como funciona a mídia, seu lado negativo e positivo. E a filosofia, cuja abordagem sempre é mais profunda, foi bem marcante no discurso de Juliana Santana. Trouxe uma luz especial aos acadêmicos que participaram fervorosamente do debate, com perguntas e colocações bastante instigantes. Quando o tema é comunicação, os futuros publicitários  e jornalistas fazem a festa. Afinal, são nesses momentos que as dúvidas afloram e as respostas  aguçam ainda mais a percepção.
   O evento no geral merece parabéns pela estrutura e pela excelência das produções apresentadas A sua contribuição para o meio acadêmico é inestimável. Que ele possa a cada edição se tornar bem melhor e com mais participação tanto dos universitários do Ceulp-Ulbra e de outras instituições quanto da população palmense. A integração universidade, empresas, governo, imprensa, população, entre outros atores, deve ser a mola mestra de iniciativas como O Seminário de Pesquisa. Para isso, é importante repetir: a sociedade precisa envolver-se mais com o  meio universitário para reconhecer sua importância. O Brasil precisa dar mais valor aos seus acadêmicos e estimular mais o potencial contido nesses jovens. Fica esta recomendação do Trem Brasileiro para a sociedade em geral.


(Deixe seu comentário)



quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Muito mais que um simples Blog

EXISTE BLOG PARA TUDO E DE TODAS CORES E SABORES. A INTERNET É A VITRINE DESSAS MARAVILHAS...

Ivan Silva   

Web
   Sem dúvida, os blogs são uma verdadeira febre nesses tempos modernos. Muitas pessoas usam essas ferramentas de comunicação para se expressar, e geralmente gostam de publicar poesias, charges, artigos, piadas, dicas de livros, cinema, culinária, etc. Alguns são públicos, e os autores não tem nenhum receio em expor seu conteúdo para o mundo. Outros são mais pessoais, e servem como verdadeiros confessionários onde se encontra um espelho da alma de seus administradores. Existe blog para tudo e de todas as cores e sabores. A internet é a vitrine dessas maravilhas.
   Cada um utiliza seu blog da forma como deseja, não é? Sim. O detalhe é que ultimamente vários recursos bem interessantes estão levando muitas pessoas a ampliarem mais a visão sobre suas páginas na internet. O que era apenas um espaço tímido no qual as pessoas compartilhavam informações diversas, agora se torna uma oportunidade de negócios muito promissora. Nos blogs pessoais está tendo bastante espaço para a publicidade de grandes empresas que antes só se via na TV, rádio, revistas ou jornais impressos. Isto significa que sua produção agora pode ser patrocinada, e seu blog pode ser até ponto de venda para aquela marca que você adora usar. Conte piada, filosofe e rasgue o verbo enquanto ganha dinheiro. Essa é a nova moda!  
   Várias ferramentas como o Google Adsense, Programa de Afiliados  do Submarino, do Mercado Livre, do UOL, Parceria.com das Lojas Americanas e Yahoo Links Patrocinados apóiam os blogueiros e os remuneram na  medida em que os internautas clicam nos anúncios em suas páginas. Basta criar uma conta nos sites que oferecem o patrocínio, seguir os procedimentos e aceitar o contrato estabelecido (não se esqueça de ler todas as cláusulas). Depois disso é traçar metas para aumentar o público e a participação em seu blog. E investindo  pesado em seu “xodó virtual”, um resultado com certeza será certo: tanto o publico vai ganhar por ter sempre assuntos fresquinhos para ler, quanto você por  estar exercendo a arte da escrita e ganhando experiência enquanto trabalha com seu empreendimento virtual. A partir daí você saberá  melhorá-lo cada vez mais. A criatividade fluirá com todo o gás.
    Alguns mandamentos a seguir são: escrever sobre assuntos interessantes que estão sendo destaque ou não na mídia. criar enquetes que estimulem a participação em seu blog, ser objetivo nos textos, banir toda forma de preconceito e juízo de valor baseado em crenças fanáticas, responder todos os comentários e respeitar a diversidade de opiniões e utilizar entrevistas com guest posts de especialistas no assunto que você aborda em algum texto. Estas são algumas receitas preciosas para turbinar sua página e conquistar cada vez mais um público fiel de leitores. E lembre-se: assim como na empresa o cliente é quem manda e faz o maior rebuliço se não for bem atendido, nos blogs também não é diferente: a última palavra é sempre dos leitores, que tem o direito de sempre receber informação de qualidade e de serem atendidos em suas sugestões e críticas. O blog é antes do leitor do que seu! Ele é a parte mais importante de qualquer empreendimento virtual de informação.


(Matéria publicada na Revista Fama - Palmas-TO - última edição)



*Seu conteúdo está um pouco diferente do publicado na revista, pois foi preciso reduzi-lo devido aos formatos de diagramação da Revista Fama.




segunda-feira, 15 de novembro de 2010

De um Sonho à Maquinários!

ESPECIAL: BANDA MAQUINÁRIOS COMPLETA UM ANO DE VIDA!

Ivan Silva

    Faltam poucos minutos para começar o show. Colocamos os instrumentos perto do palco, e  nossos  corações começam a acelerar, descontrolados. Apesar de nossas personalidades diferirem, o que é natural, sentimos dentro de nós a mesma energia, inexplicável e única. Mesmo sem possibilidades matemáticas de medir a intensidade do sentimento que nos invade, ele é igual em todos nós, e sabemos disso, pois nossos olhos brilham, olham atônitos para todas as direções, e os gestos corporais são praticamente os mesmos: mãos trêmulas, coçadas na nuca, o movimento inquieto e nervoso de nossas pernas, contra a nossa vontade. Queremos fingir que dominamos a euforia, mas a cada show ela nos persegue. Faz parte da nossa essência.
   Sabemos o exato momento de subir ao palco e fazer o que tem de ser feito. Quando estamos lá em cima, algo muito maior que o orgulho nos pega de surpresa. É  a emoção de ver que lá em baixo as pessoas esperam o melhor de nós, vieram para curtir e acreditam na nossa arte. Isto nos motiva a seguirmos em nossa caminhada, a gaseificar nossos sonhos e explorarmos cada centímetro das guitarras, cada tom do baixo, todas as variedades de sons que possui a bateria e os gritos e gracejos das vozes. Utilizamos nossos corpos para dar sentido à vida,  animar e estimular aqueles que estão tristes, conscientizar os que precisam aprimorar seus conceitos, ou simplesmente divertir. Agente solta o nosso verbo. Do jeito que sabemos.
  Ajustamos os amplificadores, equalizamos os instrumentos e testamos os microfones. Mesmo estando tudo certo, absolutamente testado e aprovado, a tensão parece cada vez maior. O público sedento por rock n’ roll começa a se aproximar do palco, a nos olhar com atenção e beber sua cerva, esquentando os neurônios para o espetáculo de microfonias, distorções, solos,  fortes batidas de bateria, gritos rasgados e loucuras. Diante desse turbilhão de emoção, agente deixa nossas máquinas de som estacionadas sobre o palco escuro, entramos no camarim e lá dentro nos reunimos, sob os gritos abafados da galera. Fazemos alguns comentários e recomendações, e em seguida nos abraçamos, formando um circulo. Cada um faz a sua oração, professa seus votos para a noite e conclui com o clássico gesto dos Três Mosqueteiros. No levantar das mãos, agente grita uma palavra que sintetiza todos os nossos ideais: Maquinários!
   Ai o resto da noite todos já sabem. Loucura, muito som, euforia e uma satisfação mental orgástica ao final, que recompensa todos os meses de ensaio e correria. E quando lembramos que tudo isto começou a pouco tempo... Não dá nem pra acreditar. Parece que foi ontem aquele dia que agente conseguiu oficializar uma proposta que nos renderia tantos frutos no futuro. O que começou de forma tão simples: uma meia lua, uma guitarra e um violão como contrabaixo, se transformou numa grande banda, cada vez mais unida e firme em seu propósito de levar  música e cultura para o Tocantins, o Brasil e o Mundo.
Maquinários 
   No último dia 07 de novembro, completamos um ano de fundação. Foi na mesma data, no ano de 2009, que fizemos o nosso primeiro show. A cidade de Redenção, no querido Pará, foi o palco de inauguração oficial da banda Maquinários. A partir daquele momento, quando conseguimos animar o pessoal e deixar registrada a nossa marca ali, algo nos disse que estávamos preparados para enfrentar o futuro. Uma sensação de dever cumprido, de grandeza, nos inundou e nos proporcionou ainda mais união e amor um pelo outro. Agora sim somos uma banda. Foi o que nossos gestos deixaram transparecer. Descobrimos que o sonho estava se tornando realidade e, acredito, já pressentíamos os ventos do amanhã. Eles  trariam um conforto enorme, uma expectativa de que tudo ia dar certo. E, de fato, deu certo.
    Essa estrada longa que trilhamos sempre nos trouxe o bem e o mal. Com muita conversa, sinceridade e transparência soubemos separar o joio do trigo. Passamos por fases difíceis, e até hoje ainda somos uma banda que tenta  superar os limites impostos pela vida. Não nos entregamos tão fácil à tristeza. Nossa amizade é muito profunda, e nutrimos em nós um respeito muito grande por tudo o que representa a Maquinários. Além disto, temos uma infinidade de amigos que sempre nos apoiaram e forneceram-nos, gratuitamente, ricos conselhos que nunca nos deixaram decair. Temos por eles uma gratidão de medida incomensurável.
   Um ano parece ser pouco, mas para nós é muito. E esperamos que essa vida se prolongue para todo o sempre. Nossos agradecimentos a todos que fizeram e fazem a Maquinários acontecer. Voltaremos aos palcos em dezembro, no Festival Eye 4 Eye, cujo objetivo será arrecadar a verba necessária para custear a cirurgia ocular de nosso guitarrista, Watson Silva, que também tocará na apresentação. Nossas expectativas quanto ao futuro são muito positivas. Sem dúvida, essa data será muito mais que apenas a volta da Maquinários, após um semestre inteiro em que esteve impossibilitada de tocar, mas o inicio de uma nova fase, bem mais promissora. Em nome de toda a banda, composta por Matheus Andrighi, Alysson Hendrix, Anderson Sacramento, Watson Silva e eu, Ivan Silva,  agradeço a todos vocês, mais uma vez, por tornarem possível o nosso sonho de ser o que somos: uma simples de banda de rock n’ roll, apaixonada pela estrada, pela vida, pela música e, sobretudo, por todos vocês! Parabéns para todos nós! Até o Eye 4 Eye!

Valeu!




terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para Intelectuais e Bregas!

CALYPSO E TECNOBREGA MERECEM RESPEITO?

Ivan Silva    

Aparelhagens (Foto: Web)

   Grande parcela de toda a riqueza que o Brasil tem em suas mãos está na sua cultura popular. Ela possui grandes preciosidades que a tornam uma verdadeira e incomparável salada, admirada e apreciada no mundo inteiro. São inúmeras cores, cheiros, sabores e manifestações culturais que vivificam esse país de norte a sul.
   Uma dessas belezas brasileiras está num estado que é o segundo maior do país, faz parte da região amazônica e é um dos mais populosos do norte, com cerca de 7.321.493 habitantes. Trata-se do Pará, um estado que, durante sua história, recebeu imigrantes vindos da França, Itália, Líbano e Japão, além de ter participação marcante em grande parte da produção musical e artística no Brasil. É de lá que vieram ícones como Fafá de Belém, Cacá Carvalho, o jogador de futebol Sócrates, Nórton Nascimento, o clássico escritor Inglês de Souza, a cantora Joelma, o guitarrista Chimbinha e mais um sem fim de celebridades.
  Sem dúvida, o Pará tem inúmeros aspectos que merecem serem conhecidos pelos brasileiros. Mas é a área musical desse estado que chama bastante a atenção. Pra quem não sabe, ritmos que fazem o maior sucesso em todo o Brasil, como o calypso e o tecnobrega, vieram das ruas paraenses, e antes de estourarem por todos os cantos desse país faziam a alegria somente do caloroso povo de lá. 
Web
     Calypso e tecnobrega são parecidos musicalmente, embora o segundo seja mais aberto às influências da música eletrônica Techno. Já o primeiro, apesar de se chamar calypso, não tem pouco haver com aquele estilo caribenho, que surgiu em Trinidad e Tobago, no século XIX, e influenciou o surgimento de estilos como o Ska e o Reggae. Na verdade, o calypso paraense é o antigo brega que surgiu após o fim do movimento jovem guarda que estourou nos anos 60. O brega daquela época era um ritmo que tinha mais haver com o “povão”, e seus artistas tinham pouca preocupação com a aparência, além de não dispor de acesso a uma cultura musical mais ampla, o que fazia com que seus discos fossem meio vazios musicalmente, repletos, por exemplo, de arranjos simples e baixa  qualidade sonora, até por não terem tanto acesso à tecnologia fonográfica.
    Pode-se dizer que aquelas melodias simplórias do brega evoluíram com a invenção do brega pop pelos artistas paraenses. E combinando o brega do passado com a moderna música Techno surgiu o tecnobrega, um dos ritmos que atualmente é febre em todo o Pará e já se espalha por várias regiões do país. No estado, as aparelhagens são os instrumentos de difusão de toda essa produção cultural, e muitos DJs e bandas regionais faturam bastante em bailes realizados nas ruas para os fãs do ritmo. Elas são verdadeiros aparatos sonoros, parecidas com naves espaciais, cheias de caixas de som e  equipamentos de iluminação especial De acordo com dados do site Overmundo, divulgados em 2007, depois da onda nacional de sucesso do calypso, cuja contribuição principal foi da famosa Banda Calypso, o tecnobrega passou a ser  a música mais apreciada pelos paraenses. São mais de 73 bandas, 273 aparelhagens (nisto se inclui as pessoas que organizam as festas) e 259 vendedores de cds que trabalham nas ruas em parceria com os artistas. Entre as maiores aparelhagens do Pará estão: Super Pop, Príncipe Negro, Itamaraty, Rubi, Impala, Equatorial, Som Guanabara e Som ideal.

Uma critica

    Apesar de a indústria fonográfica ter se apropriado de muitos artistas e de ter construído mitos como a Banda Calypso, Companhia do Calypso e várias outras bandas extremamente populares no Brasil, tanto de calypso quanto de tecnobrega, isso só serviu para tornar conhecida ainda mais a cultura musical popular paraense. Muitas pessoas que estudam comunicação e áreas afins defendem que a indústria cultural, da qual faz parte a fonográfica idiotiza muito as pessoas atualmente, e transforma a cultura popular, subtraindo dela a sua essência. Realmente isso é fato, mas  no caso do calypso e tecnobrega, a indústria da cultura trouxe modificações e ampliou o sucesso desses artistas, que por sua vez fez o Brasil focar seu olhar sobre as terras paraenses.
     Talvez por repudiarem a indústria da cultura, que fabrica artistas e corrompe a cultura popular, as classes mais intelectualizadas do Pará e de várias partes do Brasil consideram esses ritmos verdadeiras aberrações sonoras, e deitam sobre eles o mais preconceituoso e feroz olhar. Não reconhecem que calypso e tecnobrega são elementos que constituem a riqueza da cultura paraense. Não vêem que esses estilos musicais são provenientes do povo, fazem parte da cultura popular, embora tenham recebido certas influências do pop, calipso caribenho e até do rock. Fazem sucesso nas classes mais humildes e pretendia-se, inclusive, contra a vontade dos intelectuais  transformá-los em patrimônio cultural do povo paraense, através do Projeto de lei nº.130/2008. Ele  foi aprovado e beneficiou os artistas e grande parte da população do estado, que tem grande carinho e respeito por sua identidade cultural.
     É preciso haver menos preconceito e mais respeito por aquilo que o povo faz. Não apenas com relação aos ritmos musicais expostos, mas também por seus demais valores. A diversidade que a nação brasileira apresenta, em todos os aspectos, é  enorme e precisa ser olhada com mais cuidado. Já que os indicadores sociais sempre apontam para o descaso das autoridades e da classe que se julga culta e gozadora da mais nobre cultura, pelo o menos a produção cultural do povo precisa ser valorizada. Para um povo que sofre as mazelas de um país, a única coisa que lhe resta é a cultura que ele possui.
      Sem dúvida, não apenas o Pará, mas o Brasil inteiro é rico e mina cultura popular por todos os seus cantos. Por aqui se cruzam diversas culturas, se formam povos mistos, se fala o português de várias maneiras, se festeja o ano inteiro, se benze, se paga promessas e por ai vai. São diversas as características que compõem esse enorme mosaico cultural, admirado em todo o mundo. De norte a sul as pessoas constroem, em meio às dificuldades do dia-a-dia, a identidade dessa nação grandiosa. Sempre com muita música, uma culinária extraordinária, um folclore que enche a vista, o cinema que se aprimora e a coragem e fé que dão a elas o gás necessário  para tecerem diariamente suas vidas. Para intelectuais e bregas, cultura popular sempre estará ai, enquanto houver povo.


Fontes pesquisadas:




sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Deixe aqui sua opinião sobre o futuro...

 Ivan Silva
   
   O dia 31 de outubro está chegando. O Brasil conhecerá o seu novo presidente (a). Por isso, o Trem Brasileiro quer conhecer um pouco sua opinião a respeito desta eleição. Quem mereçe o cargo e quais são os motivos que te levam a aprovar o candidato escolhido? O que ele vai fazer por você e por sua família?      
   Deixe o seu comentário aqui.

   Desde já agradecemos a sua participação, que é absolutamente valiosa para nós!


terça-feira, 26 de outubro de 2010

1400 motivos para continuar...

  Um sábio certa vez disse: "Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade"!

Ivan Silva
 
web
  A idéia do Trem Brasileiro era de publicar, hoje, uma matéria sobre o Ensino da Filosofia no Brasil e sua grande relevância. Mas as circunstâncias, que estão sendo muito positivas, impossibilitaram-me de realizar a publicação. Nos últimos dias, uma grande quantidade de acessos a este blog e elogios ao seu conteúdo e proposta tem me surpreendido e deixado extremamente feliz. O que começou como uma simples e tímida página virtual, agora está se consolidando em um veiculo de expressão coletiva, cujos rumos estão se definindo na medida em que os internautas, muito dos quais sou parceiro e amigo fora e dentro da web, vão sugerindo temas e carregando de energia este Trem. O reconhecimento pelo trabalho desenvolvido é fonte de inspiração para qualquer pessoa. E nosso blog agora está bem mais disposto a seguir o caminho que tem a trilhar, visto que tem conquistado o mais importante de todos os méritos: respeito.
    Dia a dia vamos tocando  a vida, vivendo e aprendendo, seguindo o embalo da canção que nasce dentro de cada um de nós. O Trem, nesses dois meses de fundação, vem recebendo o apoio de diversas pessoas que vêem nas Redes Sociais uma oportunidade gigante de negócios, difusão da arte e cultura,  promoção de trabalhos acadêmicos, exercício da cidadania e muito mais. Isso desperta uma profunda confiança de que tudo vai dar certo, mas também a consciência de que, junto com o crescimento, devem estar também a responsabilidade, a coerência e a humildade. As pessoas apóiam porque confiam, e cabe a nós retribuirmos da melhor forma, sempre com trabalho, compromisso, seriedade e verdade.
   A ferramenta virtual de estatística da Rede Social Blogger, que hospeda o Trem Brasileiro, traz dados muito significativos sobre a quantidade de acessos que nosso blog vem tendo ultimamente. De acordo ela, o Trem já teve mais de 1400 visitas desde seu inicio em setembro deste ano.  Já foi visto 39 vezes nos Estados Unidos, 9 no Canadá e uma na Bélgica, Alemanha e Japão. Ainda de acordo com a ferramenta, o público do blog costuma acessá-lo via Orkut, ficando em segundo lugar o acesso direto pelo endereço da pagina e em terceiro pelo Twitter e outras redes. Além disso, o Trem Brasileiro está tendo, em média, 30 acessos por dia. Com certeza, um motivo de orgulho e um sinal muito positivo de que esta locomotiva está no caminho certo.
    Por tudo isto, tenho enorme prazer em agradecer, aqui, diretamente no Trem Brasileiro, às pessoas que estão ajudando este blog a se tornar cada vez mais forte. E são elas: Valdirene Cássia Silva, grande e sábia professora do curso de Comunicação  Social/ Publicidade e Jornalismo; Irenildes Teixeira, coordenadora do Curso de Comunicação e minha ex-professora da disciplina de Fotojornalismo; Matheus Andrighi, acadêmico em Comunicação e companheiro fiel de banda Maquinários; Bruce Ambrósio,  acadêmico em Comunicação e designer da Revista Fama/ Palmas-TO, grande colaborador, visionário e idealista;  César Augusto (Imperador), educador, filósofo e grande conselheiro; Daniel Lacerda, estudante, militante e sempre revolucionário; Fábio Gibran, pensador, apaixonado por literatura e poesia; Victor, estudante de Jornalismo, sempre colaborando com idéias; Rodrigo, também acadêmico de jornalismo do Ceulp, inteligente, participativo e companheiro; meu irmão Watson Silva, guitarrista da Maquinários e um ser humano inquieto; Hérica Rocha, grande mente e ótimos pontos de vista; Aos maquinários Alysson Hendrix e Anderson Sacramento, pessoas inteligentes, motivadoras e sempre próximas; Cássio Borges, acadêmico de Serviço Social, parceiro e um grande faminto por teatro e cultura; E em especial a Tácio Pimenta, jornalista e poeta, dono do blog C-do-B, pois foi quem sugeriu que eu criasse um blog. E meus agradecimentos a todos os outros que, se eu for escrever os nomes, vão encher outra página.

Um grande e sincero abraço a todos!


Colaboradores são sempre bem vindos!
Para publicar seu material no Trem Brasileiro, é só enviar um e-mail para:




domingo, 24 de outubro de 2010

A Lúcida Loucura de Raul Seixas

POETA, LOUCO, LÚCIDO, PROFETA, FILÓSOFO, CANTOR...

Ivan Silva

Raul Seixas (Foto:Web)
       Esta matéria é apenas um caminho para compreender esse que foi um dos maiores defensores da lúcida loucura no Brasil, e uma verdadeira lenda dentro da música popular brasileira. Para entender essa mosca que vive a pousar em diversas sopas até hoje, é necessário ir atrás de outras fontes que a vida oferece. Limitar-se apenas a livros e pequenos textos sobre ele não têm graça. Escutar suas músicas sem refletir é tiro no vento. É preciso mergulhar de corpo e alma, sem preconceitos e moralismos cegos, dentro do oceano que é a natureza desse grande brasileiro. É preciso ser um pouco maluco-beleza que nem ele. Mas se não quiser ser nada disso, nada lhe impede de ter um olhar meramente simples, convencional e careta.

Quem foi ele?

   Ele foi um brasileiro que soube azucrinar tanto os generais de quepe e cara fechada que se apropriaram do Brasil em 64, quanto os conservadores extremos que até hoje ainda se escondem da vida e dos seus prazeres mais sedutores. Um homem que nasceu numa Bahia mansa, em uma rua qualquer chamada Augusta, na cidade de Salvador, no ido de 1945. Tinha tudo pra ser um rapaz normal, casar-se com uma só mulher e com ela passar toda a sua existência,  ter um emprego legal, igual ou parecido ao do seu pai, que era engenheiro. Família e boa casa não lhe faltavam, pertencia à classe média e tinha amplo acesso à informação. Como foi dito, tinha tudo pra ser igual aos rapazes de sua estirpe. Tinha, mas não foi.
(Foto: Frederico Mendes)
    A razão? Simples. Acesso à informação. Melhor, acesso demasiado ao conhecimento. Ele devorou livros de Literatura Universal durante a sua infância, além de estudar sobre assuntos metafísicos. Essas viagens pelo saber, como é de praxe, o conduziram aos benditos Por quês da vida, e ele utilizava, para registro de suas descobertas fantásticas, um diário. Interessante é que, mesmo gostando tanto de aprender coisas novas, de escrever e de se aventurar pelo universo dos livros, ele não gostava tanto de ir à escola, e repetiu cinco vezes o 2º ano ginasial. Talvez não tenha se adaptado aos moldes educacionais e tradicionais das escolas da época, visto que era um grande pensador autônomo. Quem sabe não era sinal de que estava nascendo o rebelde que anos mais tarde iria sacudir o Brasil e o mundo com sua música genial, que misturava a energia do rock e os mistérios do ocultismo com  ritmos tipicamente brasileiros? Bom, a verdade é que o Maluco-Beleza crescia cada vez mais dentro do jovem Raul Seixas.
    Em virtude do seu gosto por música, dos seus contatos com a cultura americana na juventude, e da predileção por uma consciência independente e efusiva, ele não podia cair em outras mãos que não fosse do Rock N’ Roll. Influenciado por cantores de rock como Elvis Presley, Little Richard, Jerry Lee, Raul Seixas montou um conjunto que soltou os demônios na Bahia de Todos os Santos, levando covers alucinantes das músicas que estavam estourando nos Estados Unidos.  Era o The Panthers, composto por Raul, Mariano, Pirinho, Helinho e Antonio Carlos, conhecido como Carleba, um quarteto que seguia à risca todos os moldes que compunham o formato do verdadeiro roqueiro dos anos 50: topete à moda James Jean, comportamento enérgico, golas levantadas e a adoção da loucura como filosofia de vida. 
   Com a postura decisiva e o olhar sempre além, ele foi muito mais que um simples jovem rebelde. Foi um profeta, filósofo, poeta louco, o inicio, o fim e o meio. Compôs letras maravilhosas ao lado de Paulo Coelho, e com ele prosseguiu durante muitos anos, numa parceria que foi proveitosa para ambos. Os dois foram membros de uma sociedade secreta, envolveram-se com os segredos do ocultismo, e partiram para o exílio juntos, aprontando todas na cidade de Nova York, Estados Unidos. Segundo declarações do próprio Raulzito, os dois chegaram a conversar com o beatle John Lennon. Na ocasião, aproveitaram para discutir sobre o projeto por uma Sociedade mais Alternativa para todos, razão pela qual foram convidados a se retirar  do país. O engraçado é que o DOPS, o departamento repressivo da ditadura, utilizou como justificativa apenas o discurso contido na música Sociedade Alternativa, que poderia provocar um efeito desastroso na ordem nacional. Nenhuma prova da existência física de uma sociedade alternativa foi encontrada.

A reação do Não

(Foto: Web)
     Não havia como fugir. Infelizmente, Raul Seixas, assim como um número expressivo de brasileiros, foi obrigado a enfrentar um terror que até hoje  causa espanto quando se decide folhear as páginas da história do Brasil que se referem ao intervalo entre os anos de 1964 e 1985. A liberdade de expressão e a garantia dos direitos civis e sociais, firmados através da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217 A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, haviam ido pro ralo. As autoridades brasileiras resolveram transformar o Brasil num verdadeiro campo de guerra, onde o povo brasileiro escondia-se em barricadas enquanto o Exército mostrava todo o potencial da artilharia moral de seus lideres e brutalidade de seus soldados subordinados.  Artistas nacionais passaram a viver sob ameaça de exílio e censura, e Raul Seixas foi uma das vitimas, assim como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Suas músicas, consideradas subversivas pelos censores “altamente inteligentes”, representavam ameaça ao sistema político autoritário vigente. Era o perigo da loucura consciente, cantada e escrita, que a cada dia deixava os ditadores mais tementes e dementes.
    Para desprazer extremo dos tiranos no poder, a música raulseixista sempre foi recheada de discursos em defesa da liberdade humana. Ele compôs a canção Sociedade Alternativa, que é praticamente uma síntese de todo o seu pensamento, profundamente influenciado pelas idéias do mago Aleister Crowley, nascido na cidade de Leamington, Inglaterra, em 1875. É de Crowley a famosa frase: “Faze o que tu queres, há de ser tudo da lei”, um dos pilares da sociedade que Raul Seixas havia imaginado junto com Paulo Coelho, e que pretendia transformar em realidade futuramente.
    A luta pela Sociedade Alternativa é uma luta que visa conscientizar as pessoas sobre a importância do Eu. É você ter a liberdade para buscar conhecimento, sem as abusivas interferências dos paradigmas religiosos, morais, culturais, políticos, entre outros. No livro Raul Seixas, o Sonho da Sociedade Alternativa, da professora Luciane Alves (Editora Martin Claret, São Paulo) há um capitulo dedicado ao projeto Era de Aquarius, de autoria de Raul. Ele pretendia, com essa empreitada, realizar um grande festival de música no principio do ano 2000, data de inicio do terceiro milênio. Nele haveria uma reunião de artistas de todo o mundo para uma mega exposição de arte, embora o principal foco de Raul Seixas fosse aproveitar a ocasião para promover uma luta pela paz mundial e contra o fim das armas nucleares. A lúcida loucura do cantor, como se pode notar, sempre esteve voltada para as causas que muitas  pessoas normais até hoje não conseguem resolver por completo.

Termina a ditadura, termina Raul e começa um novo tempo

    A carreira de Raulzito terminou em 1989, com a sua morte, quatro anos após o fim da ditadura militar. Toda a sua vida de loucuras ao lado dos amigos Paulo Coelho, Silvio Passos,  Marcelo Nova, de suas muitas mulheres, filhas, livros, músicas, seitas, bebidas e sonhos foi o que o ajudou a enfrentar as inúmeras adversidades do mundo. Enquanto foi cantor, provou das agruras da ditadura, mas também deu o troco. Sua malicia, a inteligência, a fina ironia, o ácido sarcasmo e as armadilhas nas composições eram armas poderosas com as quais driblava a terrível censura e o moralismo apaixonado de uma sociedade escravizada pelas forças tiranas de um poder extremista.
   Hoje ele revive. Camisetas,  cds, mp3, mp4, mp5, ipods, sites, blogs, ruas, rodas de amigos e shows são alguns dos muitos lugares onde se pode encontrar a mensagem de Raul Seixas, sempre imponente, forte e atual. A sua loucura sempre lúcida pulsa firme nos corações de muitas pessoas, e os tabus, ditadores e hegemonias diversas estão cada vez mais encurralados pelo poder da democracia, da expressão e da liberdade. Como foi dito no inicio, esta matéria é apenas um caminho, um breve escrito que conduz ao principio desse enorme e misterioso livro que é Raul. Lembre-se: é preciso buscar muito mais informação, pois vale a pena entender o Raulzito, respirar os ares da obra dele e, quem sabe, desfrutar um pouco da loucura que ele representa. Agora que o recado está dado, você pode começar a compreendê-lo por meio do livro de Luciane Alves, que é uma grande e notável fonte.

   Mas se você é especialista em Raul, então Viva a Sociedade Alternativa!

 
Fontes Pesquisadas: 
Luciane Alves - Raul Seixas. O Sonho da Sociedade Alternativa (Editora Martin Claret).
Museu Anos 80 - http://www.museuanos80.blogspot.com/

(Próxima atualização - 26/10/2010)




sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Mulher no Rock

UM BREVÍSSIMO APANHADO SOBRE A HISTÓRIA DAS PRIMEIRAS MULHERES NA GÊNESE DO ROCK N’ROLL.

Matheus Andrighi

Matheus Andrighi
A década de 50 estava praticamente no fim, o movimento beatnick estava ainda a todo vapor, dando base pro que viria a ser chamado, um tempo depois, de movimento hippie. Poucas bandas do cenário do “blues elétrico”, assim chamado a nova onda do momento, subiam ao palco com uma figura feminina em seu plantel. As mulheres geralmente ficavam no posto de gruppies; o cenário musical ainda era muito machista, não só por parte dos músicos, mas pela sociedade em geral, afinal, sair por aí, sem garantia do amanhã, tocando em bares na noite, andando em várias companhias não era coisa para mulheres que se davam ao respeito.
            A década que estava por vir, no entanto, pegaria o mundo de surpresa nos quesitos mais ásperos que se poderia imaginar. A liberação sexual, os movimentos por direitos igualitários desviaram a música de seu itinerário, apesar da maioria continuar do mesmo jeito. A baia de San Francisco revelava dezenas de bandas novas a toda semana e o verão do amor de 67 trouxe ao mundo duas pérolas que se tornariam figurinhas carimbadas da história, mas claro, dentre elas, centenas de outras preciosidades se revelaram potenciais e sentimentais na arte e na música da segunda metade do século XX: Janis Joplin, com sua voz arrastada e profunda que sem sombra de dúvidas deixa qualquer um abalado, (para ter uma idéia ouça os arranjos vocais do clássico Summertime) e Grace Slick no comando do Jefferson Airplane, em minha opinião a mulher mais linda a subir num palco . O THC, o LSD e o álcool calaram prematuramente a voz de Janis em setembro de 70, Grace Slick se consagrou com a carreira solo e muitas outras despontaram na mídia nos anos que se seguiram. 
Rita Lee
            Em meados da década de 70, Suzi Quatro entra em cena para ganhar o título de “primeira roqueira”, arrematou vários prêmios e alguns pares de sucesso. Com Nina Hagen e Joan Jett não foi diferente, depois do clássico: I Love rock n’roll o mundo viu o punk com outros olhos, se dando conta da grande importância e credibilidade da figura feminina no rock. Nina por exemplo, é famosa por suas grandes performances vocais, atuou em filmes cantando música clássica e até ópera. Direcionando o papo para grupos musicais, vemos que as coisas também seguiram na mesma linha, Mama’s and Papas, B52, foram garantia de sucesso por anos, servindo de base para centenas de bandas da atualidade formadas parcial ou completamente por mulheres exporem seu trabalho.
            Para os lados de cá, a sexagésima  década do século passado trouxe a tona, junto com a ditadura militar, os biquínis de bolinha e a crise do petróleo, uma das maiores protagonistas do rock n’roll brasileiro. Ainda no posto de vocalista dos Mutantes, Rita Lee já dava sinais de um potencial criativo aprimorado. Porém, em minha opinião, o seu auge mesmo se deu na década de 70, quando aconteceu a parceria com a célebre banda Tutti-Frutti. Foi aí então que Rita pode mostrar seu lado “prog” e cru do rock n’roll, explorar o vocal e a poesia em letras que misturavam histórias sobre despedida, rebeldia da juventude e problemas pessoais não resolvidos. Não é pra menos de que o disco “Fruto Proibido”, de 75 é um dos mais elogiados discos brasileiros de rock n’roll.
            Depois dessas, centenas de inconfundíveis divas subiram ao main stream para consolidar novos ares da música contemporânea, e que venham novos mitos... Estes são os meus.

(Próxima atualização - 24/10/2010)


quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A Arte de Dialogar no Diálogos

Ivan Silva 

9º Diálogos Culturais (Foto: R. Patrésio)
      Dialogar é sempre bom. O diálogo, como noz diz o dicionário Aurélio, um dos mais respeitados e recomendados pelos brasileiros, é fala alternada entre duas ou mais pessoas; conversação; troca ou discussão de idéias, opinião. Seguindo a definição do famoso livro, não há como negar que um “bom papo”  ainda é o melhor caminho para se chegar ao consenso. Sem ele, é absolutamente fácil alcançar o terrível estado de guerra que fez e faz tão mal à humanidade. Seguindo essa linha de raciocínio, é correto afirmar que entre a selvageria e a civilidade deve existir a coerência, pois o excesso de qualquer uma das duas representa  malefício social. E só se alcança a concordância por meio de debate, respeito e bom senso. 
   O diálogo é uma forma coerente e recomendável de comunicação, pois ajuda a refinar as  relações humanas. E uma iniciativa brilhante no que diz respeito à promoção da arte de dialogar vem ganhando destaque e grande dimensão na capital do Tocantins, Palmas. Trata-se do Diálogos Culturais, um evento que a cada edição vem conquistando a atenção da sociedade palmense justamente pela grandiosidade de sua proposta, que é a de convidar as pessoas para uma gostosa reflexão sobre temas de alta relevância nos âmbitos profissional, social, filosófico, cultural e artístico. Apesar de ter estilo próprio, ele tem certa semelhança com o programa Café Filosófico, veiculado pela TV Cultura aos domingos, que também é uma boa opção para os amantes da boa conversa. Tanto o  Diálogos quanto  o Café são basicamente um palestrante, um cenário suave, uma platéia ávida e muita, mas muita discussão positiva e construtiva.  

O brilho da 9ºEdição

    O Diálogos Culturais, que é organizado pelos alunos do Curso de Comunicação Social/ Publicidade e Jornalismo, em parceria com a coordenação do curso, cuja responsabilidade é das  professoras Cássia Silva e Irenildes Teixeira, foi realizado pela nona vez na noite do dia 14 de outubro, no mini auditório (sala 563) do Ceulp/Ulbra. E o tema abordado foi Redes Sociais Virtuais e Web 2.0, um avanço nas relações humanas, brilhantemente explicitado pelo debatedor convidado, o Dr. Américo Ricardo de Almeida, que é administrador com Pós Graduação em Gestão Empresarial de Negócios e possui doutorado em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA.
    Ele iniciou o debate falando do quanto as revoluções da tecnologia provocaram mudanças profundas na sociedade, modificando as formas de comunicação e acelerando o desenvolvimento em todos os setores. O progresso tecnológico, fruto da Revolução Industrial, cuja expansão ocorreu no século XIX, começou a extrair das máquinas a força de trabalho que até então era das pessoas. Isso provocou uma série de transformações que ajudaram a estabelecer a economia capitalista e revolucionar os meios de comunicação, possibilitando o surgimento da cultura de massa, que se estabeleceu após o surgimento de equipamentos que tornaram possível a publicação em grande escala dos jornais.
   Mas foi sobre a internet, um assunto que interessa bastante na contemporaneidade, que Ricardo Almeida debateu com bastante afinco. A tecnologia Web 2.0 e seus benefícios indiscutíveis para o desenvolvimento das empresas e aprimoramento das relações humanas foi o tema da noite. Explicou que o termo é designado para retratar a segunda geração da World Wide Web, onde os internautas de plantão interagem com serviços da internet e sites diversos. A tendência é que a Web 2.0 ajude a tornar o espaço virtual cada vez mais rico em dinamismo e estimule os usuários a instituírem melhor o  conteúdo. E é o que vem acontecendo, visto que atualmente os internautas dispõem de infinitas ferramentas virtuais que os ajudam nessa tarefa.
    Com a interação e a ampla participação das pessoas no cenário virtual, as empresas não podiam ficar de fora. É quase um provérbio a idéia de que empresa que não utiliza a internet para anunciar está perdendo a chance de realizar um grande negócio. Com a Web 2.0 não há mais territorialização, e vive-se o efeito moebius, a anarquia, a liberdade de comunicação, a inexistência de fronteiras. Tudo que se digitaliza está na mão do mundo, basta que se saiba propagar a informação usando os recursos cibernéticos da melhor forma. Um anúncio pode ser hospedado em um site, e por que não chama-lo de ponto de venda? Foi uma das indagações do debatedor do 9º Diálogos Culturais.  
   Ricardo Almeida mostrou ainda, em um dos slides utilizados na palestra, alguns dados acerca da contribuição da internet na economia brasileira. As informações mostravam que as Redes Sociais contribuíram para faturamento de 335 milhões de reais através do comércio virtual no Brasil. Também apontavam o brasileiro como líder mundial no uso dessas redes, e que apenas 7% das empresas do estado de São Paulo usam a ferramenta. Ou seja, diante de uma revolução virtual que está tomando conta do mundo inteiro, muitas empresas ainda fazem vista grossa aos fatos, e permanecem, por ignorância voluntária ou involuntária, nas garras da obsolescência. Pura perca de tempo!

Uma metamorfose que se principia

   Orkut, Facebook, Twitter,  Blogger...Redes Sociais são mesmo um “barato”. A anarquia, a facilidade com que se pode acessar qualquer conteúdo, a liberdade de poder falar o que se pensa e até de interagir com ídolos são apenas algumas das peculiaridades desse grande meio de comunicação que é a internet. Ela é uma verdadeira incubadora de idéias, uma fonte inesgotável de informação e, sobretudo, uma alternativa que possibilita o pleno exercício da cidadania, da liberdade de expressão, da luta contra a hegemonia daqueles que ainda acreditam ser possível silenciar a voz da sociedade, numa época onde o ser humano está tendo a chance de pode pensar alto, e de influenciar  os outros a aderirem às suas idéias. O Trem Brasileiro parabeniza O Diálogos Culturais, seus organizadores e colaboradores pela escolha do tema e por possibilitar à população palmense o privilégio de obter mais conhecimentos sobre essa grande revolução que é a internet. Sem dúvida,  o poder das redes sociais vai aproximar cada vez mais pessoas do mundo inteiro e formar uma grande corrente humana capaz de transformar o mundo, espera-se, para melhor. E o Trem, que também é uma rede social, conta com o apoio de todos vocês para que possa ser um instrumento de aproximação humana e concatenação de grandes idéias. Parabéns.

(Próxima atualização - 22/10/2010)