Blog em Manutenção...

sábado, 18 de junho de 2011

REPRESSÃO DENTRO DO CEULP/ULBRA!

Movimento Voto Consciente
Palmas-TO


“A medida que a comunicação se torna maior e melhor, fica claro que a intolerância é a verdadeira pequenez do homem” (Spielberg). 



     Dia 17 de junho de 2011, à noite, os acadêmicos de Comunicação Social, Rodrigo Gomes e Ivan Silva, estavam distribuindo panfletos do Movimento Voto Consciente, quando foram abordados por seguranças dentro do CEULP/ULBRA que, segundo informações de membros das duas chapas concorrentes na eleição 2011 do DCE (Diretório Central dos Estudantes), foram contratados pelo órgão para garantir a “tranqüilidade” no processo eleitoral. Os panfletos pediam para os alunos não votarem, como forma de protesto à falta de informação e transparência sobre o processo eleitoral do DCE. Conteúdo neutro, sem ofensas e menções diretas a qualquer chapa.
   Os seguranças, vestidos de preto e com postura militar, chegaram acompanhados por integrantes de uma das chapas concorrentes, e simplesmente avançaram sobre os dois acadêmicos e tomaram à força os panfletos. Um deles disse “vamos apreender esse material”. Totalmente acuados e intimidados, os acadêmicos exigiram a devolução do material, mas não foram atendidos. Os seguranças os mandaram calar a boca, e levaram os panfletos, cuja impressão foi consentida pela Coordenação do Curso de Comunicação Social. Vários acadêmicos assistiram, chocados, às cenas de repressão.
  Apoiados por acadêmicos, professores e pela coordenadora do Curso de Comunicação Social, Irenides Teixeira, Rodrigo e Ivan procuraram a diretoria da Ulbra para relatar o que aconteceu e exigir providências imediatas da instituição. Com a colaboração de todos, a polícia militar foi acionada para que os alunos reprimidos pudessem ter amparo e segurança, e as providências legais fossem tomadas.
   Sem dúvida, esse triste e lamentável episódio deixará marcas profundas nos acadêmicos que sofreram com esse ato de selvageria e insanidade por parte dos seguranças contratados pelo DCE. Total irresponsabilidade do DCE! O artigo 5º da Constituição Federal, bem como os artigos 18 e 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, garantem a liberdade de expressão e manifestação do pensamento, sem qualquer tipo de repressão.
   Providências precisam ser tomadas. Isso não pode ser ignorado. Alunos não podem ter sua liberdade de expressão cerceada. Por isso, o Movimento Voto Consciente convida todos os alunos do CEULP, e também a todos que desejarem lutar pela causa, para que façam parte deste movimento. Não há bandeira ou partido. O que se deseja é transparência, ética, respeito e moral por parte do DCE, que é um órgão que existe para defender os estudantes. Os acadêmicos do CEULP merecem respeito!
  Acompanhem o movimento pelas redes sociais e no CEULP! Juntos, podemos mais!!!

domingo, 29 de maio de 2011

Momento Poesia apresenta: "Réus"

Ivan Silva


Passos nos corredores, sons alucinantes
De máquinas a todo o vapor...
Ruídos que explodem do peito, e 
Fazem das bocas mensageiras venais.


Corpos nos corredores, arrastando suas caixas,
Seus projéteis, suas razões mortíferas,
Seus ternos sujos de poeira, seus cabelos belos
Revoltos entre arrotos e risos forçados.


Passos nos corredores, quase mudos
Arrastando o passado em sons hipnóticos,
Seguindo o embalo do relógio, dançando
A música  dos réus da inutilidade.


Corpos nos corredores, quase jazem
Entre protocolos, sistemas e vontades,
Sendo números secos, bocas secas.
Juntando pedaços que se acumulam nos 
Cantos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O mundo é um grande comércio

 Marcelo Victor

   Se eu dissesse numa única frase, curta e grossa, que “o mundo é um grande comércio”, talvez não causasse o impacto que realmente deveria causar nos meus leitores, nem seria compreendida a profundidade da afirmativa como desejaria que fosse. Então decidi transcorrer algumas linhas a mais para tentar mostrar a partir de qual ponto de vista eu falo isso.
   Um grande comércio, eu digo, pois em todos os aspectos da vida moderna temos como base, relações monetárias, relações de custo-benefício. Por mais incomum que possa soar, é assim que funciona a sociedade baseada no capital.
   Alguém poderia me dizer, então, o que a televisão faz o tempo todo, durante os intervalos do futebol e da novela? E até no meio do futebol e da novela? O que são os “comerciais”? COMÉRCIO.
   Alguém poderia me dizer qual o verdadeiro intuito das guerras? Cada metralhadora na mão de um soldado, cada tanque blindado, cada avião supersônico e cada navio porta-aviões foi fabricado por alguém que o vendeu por um determinado preço a outro alguém. E se tem “alguém” que lucra cada vez que explode um conflito no mundo, tanto com a venda de armamento quanto na reconstrução das cidades destruídas, então a guerra só pode ser um COMÉRCIO.
   Puxando o assunto para algo atual, o risco de um desastre nuclear no Japão é resultado de que? A energia atômica é uma alternativa de energia mais eficiente, e se é mais eficiente, gera menos gasto e mais lucro. Então instala-se uma usina nuclear sobre um terreno que não para de tremer o ano todo, com um alto risco de catástrofe para a população local, em nome do melhor custo-benefício. Ou seja, o “negócio” colocado acima do “humano”. Essa é a regra do COMÉRCIO.
   E assim podemos continuar pontuando outros aspectos como educação, trabalho, lazer, saúde, felicidade, religiosidade, sexualidade, arte, todos se rendendo à lógica comercial. Essa lógica está impregnada em nós e dificilmente conseguimos pensar de forma desvinculada dela.
   Se o filósofo Aristóteles vivesse nos dias de hoje e presenciasse essa época confusa pós-revolução industrial, talvez reformulasse sua famosa frase “o homem é um ser social” para “o homem é um ser comercial”. E o Descartes, então, o que diria? “Penso no lucro, logo existo”. Trágico.



terça-feira, 22 de março de 2011

Não li, mas aprovo!

Ivan Silva

   Garimpando na internet, encontrei um livro fantástico. Ainda não o li, mas só pela pequena e grandiosa sintese no poeirablog.wordpress, dá pra ver que se trata de uma verdadeira preciosidade. É o livro Histórias Perdidas do Rock Brasileiro Vol.1, de Nélio Rodrigues, publicado pela Nipress Editora. De acordo com o blog, a obra revela o espetacular cenário roqueiro que antecedeu a explosão das bandas de rock nacionais dos anos 80. Bandas como The Bubbles (que depois passou a se chamar A Bolha), Analfabitles, Os Selvagens, Módulo 1000, entre outras, fizeram a farra da galera entre os anos 60 e 70, tocando em locais diversos e com uma aparelhagem da pesada, superando o equipamento de muitas bandas conhecidas e de prestígio. Algumas levavam a sério a conhecida filosofia "sexo, drogas e rock n' roll".  Nélio Rodrigues mostra que nem só de Mutantes, Raul Seixas e Secos e Molhados viviam os roqueiros brasileiros naquela dura época de ditadura militar e censura no Brasil.
   Quero ter o prazer de lê-lo, claro, assim que eu o encomendar pela internet e o meu tempo permitir. Quem puder comprar e ler esse livro com certeza conhecerá o fascinante mundo rock n' roll que construiu os alicerses sobre os quais estão os domínios do rock nacional underground e, acredito, do mídiatico. Os roqueiros que a mídia pôs no top of word naqueles tempos muita gente já conhece, não é?  Vale a pena então conferir o que acontecia no submundo, por onde só quem era de fato louco e desejava se libertar e viver a filosofia rock n' roll de verdade caminhava.
    Confira o texto com detalhes sobre o livro e uma entrevista feita a Nélio Rodrigues no Poeira Blog, da grande revista Poeira Zine.

Um abraço a todos!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma pequena porcentagem de alegria

Marcelo Victor


   É, parece que o mundo está mudando. Pena que a gente só fecha a janela depois que o ladrão já levou a televisão. Mas pelo menos o roubo já está claro pra todo mundo. Do que eu estou falando? Do documentário "Inside Job" de Charles Ferguson que, na madrugada de 28 de fevereiro, levou o Oscar na sua categoria.
   O documentário trata das artimanhas utilizadas por consultores de Wall Street para esconder os rombos que existiam nos bancos espalhados pelo mundo, e levar o problema até um patamar onde a crise estouraria de forma aterrorizante, induzindo a população a aceitar a aprovação de um pacote trilhonário “para salvar a economia americana”.
   Dentre outros envolvidos, o filme retrata a figura de Lawrence Summers, que entre outras proezas, ficou conhecido por declarações polêmicas como recomendar o incentivo à deslocalização de indústrias poluidoras para os países da periferia, e enquanto Reitor de Harvard, decretou a incapacidade da inteligência feminina em lidar com as complexidades das "hard sciences"(Ciências Duras).
   O documentário mostra que Summers faturou uma nota preta ao ministrar palestras remuneradas pelos “senhores das finanças” sobre as maravilhas da desregulamentação financeira. Entre suas idas e vindas ao governo, dedicava-se a assessorar instituições financeiras mediante farta remuneração.
   Enquanto secretário do Tesouro de Clinton, Lawrence Summers trabalhou intensamente para a aprovação no Congresso dos Estados Unidos do Gramm-Leach-Bliley Act. Essa lei derrotou a legislação dos anos 1930, o Glass-Steagal Act, que separava os bancos de depósito, os bancos de investimento, seguradoras e instituições voltadas para o financiamento imobiliário e "fundeadas" na poupança das famílias. As transformações ocorridas no sistema financeiro após isso desataram a livre e brutal concorrência no capitalismo das grandes empresas e das grandes instituições financeiras, segundo Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, em seu site.
   Para quem não entende muito de economia, que é o nosso caso, basta saber que os bancos que tinham a responsabilidade de cuidar das poupanças e dos financiamentos de imóveis populares, puderam, a partir da nova lei, brincar com o dinheiro alheio no mercado de ações, mesmo existindo o risco de perder tudo. Isso causou a crise.
   Outro caso assustador e também constrangedor, entre tantos de "Inside Job", é o do economista Frederick Mishkin. Ex-membro do Federal Reserve, Mishkin não consegue explicar porque às vésperas do colapso dos bancos da Islândia, produziu um relatório que assegurava a estabilidade do sistema financeiro do país, mediante um pagamento de US$ 124 mil. É incrivelmente grotesca a descoberta tais fatos.
   Mas como eu dizia no início, parece que o mundo está mudando. Digo isso porque essas práticas do sistema financeiro não são novas. A crise de 29, a crise do petróleo na década de 70, todas saíram desse mesmo manual. A diferença é que antes a população ficava alheia a todo o processo. Hoje temos um documentário sendo premiado por mostrar as armações de tais instituições. Vejam só que reviravolta, que progresso. De algum modo, sinto uma pequena “porcentagem” de alegria.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "As Sonâmbulas"

V Dia

As Sonâmbulas

  Na cidade onde nasci, viviam uma mulher e sua filha. E ambas eram sonâmbulas.
  Uma noite, quando o silêncio envolvia o mundo, a mulher e a filha, caminhando no sono, encontraram-se no jardim, meio velado pela neblina.
  E a mãe falou: “Por fim, por fim, minha inimiga! Aquela por quem minha juventude foi destroçada, que construiu sua vida sobre as ruínas da minha! Pudesse matá-la.”
  E a filha falou: “Ó odiosa mulher, velha e egoísta, que se antepõe entre mim e meu Eu livre, que gostaria de fazer de minha vida um eco de sua vida fanada! Quem dera estivesses morta!
  Nesse momento, uma galo cantou, e ambas as mulheres acordaram. A mãe perguntou ternamente: “És tu, querida?” E a filha respondeu ternamente: “Sim, querida.”


Série 35 dias com Khaliu Gibran. Todos os dias um novo texto de um 
dos maiores representantes da Literatura Árabe.

Alguém conhece o ditador egípcio?

Marcelo Victor

Hosni Mubarak
   Vamos fazer uma pequena retrospectiva até o final de dezembro de 2010. Quem de nós, há exatos trinta dias, sabia que o Egito era governado por uma ditadura que já dura trinta anos? Quem já tinha ouvido o nome Hosni Mubarak, o presidente ditador? Aposto que quase ninguém. E não é de se admirar que seja assim, uma vez que essas notícias não são divulgadas.
   Nós sabemos (pois eles nos dizem) que no Irã tem um ditador no poder, sabemos que na Coréia do Norte tem um ditador no poder, sabemos que Fidel e Chavez são ditadores, mas do Egito nós não sabemos nada. E por quê? Quem arrisca dar a resposta? Quem apóia o governo de Hosni Mubarak? Acertou quem disse Estados Unidos.
   Pra quem não sabe, o Egito é o braço direito dos Estados Unidos no mundo árabe. Graças a sua localização, o país é a rota por onde passa todo o carregamento de petróleo com destino a América, através do Canal de Suez. E como o óleo negro é o combustível que faz daquele país a grande potência que é, eles não podem deixar de ter boas relações com esse porto estratégico.
    Mas a questão que fica é: Algumas ditaduras, principalmente as que não negociam com o FMI, são alvo de ataques por parte da imprensa diariamente, assim como também são alvos de guerras. Mas as ditaduras que “são do esquema”, que aceitam as regras, essas têm o apoio dos “defensores dos oprimidos e da paz”, e ficam intocadas inclusive pela imprensa ridiculamente manipulada.
    Não estou dizendo aqui que essa barbárie de dar base a governos ditadores seja uma prática do governo de Barack Obama. Como disse, a ditadura lá existe há trinta anos. Se instalou bem antes de Obama, Bush ou Clinton sentarem na cadeira de presidente. E falando em Clinton, a ex-primeira-dama Hillary declarou, na semana passada, que o regime de Mubarak era estável, e não havia risco deste deixar o poder. Acredito que o discurso já mudou depois dos últimos acontecimentos.
   O engraçado é que o presidente Lula era crucificado e acusado de “passar a mão na cabeça” dos ditadores pelo mundo afora, quando se omitia de tomar posição ante a alguns fatos. Ao ver o que os seus colegas, o presidente americano e francês (que também apoiavam a ditadura de Ben Ali na Tunísia) fazem, fica parecendo piada o que divulga a mídia brasileira.
   Apesar da tentativa do governo egípcio de censurar a internet no país, as notícias continuam correndo o mundo, assim como as imagens da população nas ruas, lutando pela queda do regime. Os mortos já somam 120, mas há rumores de que o exército já começa a se recusar a reprimir os protestantes. Primeiro sinal de que o fim dos conflitos está próximo. Fica a minha torcida pela vitória do povo.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "O Espantalho"

IV Dia


  Uma vez, disse eu a um espantalho: "Deves estar cansado de permanecer ai nesse campo solitário."
  E ele me respondeu: "O prazer de espantar é profundo e duradouro, e jamais dele me canso."
  Depois de um minuto de reflexão, retruquei: "É verdade; pois eu também já conheci esse prazer."
  Respondeu: "Só podem conhecê-lo aqueles que estão cheios de palha."
  Depois, deixei-o sem, sem saber se ele me elogiara ou injuriara.
  Passou-se um ano, durante o qual o espantalho se tornou um filósofo.
  E quando passei novamente perto dele, vi dois corvos fazendo ninho debaixo do seu chapéu.
  
Continua...

Contra Belo Monte!

Ivan Silva
  
    Já faz algum tempo que um e-mail está incomodando, no bom sentido, muitos internaltas. Ele é assinado pela Avazz (voz, em várias línguas da Europa) uma comunidade virtual cujo objetivo é tornar público os anseios da sociedade civil do mundo inteiro,  cobrando respostas e soluções por parte do poder público. No e-mail há um link que conduz ao seu site, onde é possível conhecer suas ações, campanhas que realiza, história e a forma como as pessoas podem ajudar. Na pagina inicial, uma mensagem muito interessante: “uma comunidade transnacional que é mais democrática e poderia ser mais eficaz que as Nações Unidas”.
   E não é propaganda falsa não. Pela causa defendida no e-mail, pode-se perceber que se trata realmente de uma comunidade séria e que merece bastante a atenção dos brasileiros. A Avazz faz um apelo urgente para que os internaltas assinem a petição contra o Projeto Belo Monte, que visa a construção de uma usina hidrelétrica no Estado do Pará, coração da Amazônia, em um trecho de 100 km no Rio Xingu.
   Segundo a comunidade e vários ambientalistas brasileiros, o projeto vai gerar um imenso desastre ambiental, pois provocará redução do fluxo de água no rio, devido à alteração no regime de escoamento do Xingu, o que afetará a fauna e a flora da região. Além disso, a usina vai causar um grande alagamento que comprometerá os igarapés Ambé e Altamira e parte da área rural de Vitória do Xingu. A vazão da água a jusante do barramento do rio em Volta Grande do Xingu será bastante reduzida e o transporte fluvial até o Rio Bacajá (um dos afluentes da margem direita do Xingu será interrompido). Comunidades ribeirinhas e indígenas dependem deste tipo de transporte para chegarem à cidade de Altamira, onde fazem consultas médicas diversas e comercializam peixes e castanhas, uma de suas formas de sobrevivência.  
   O desafio da Avazz é conseguir mobilizar o poder público para interromper tão desastroso projeto. A comunidade acredita que o Brasil é capaz de produzir energia limpa em potencial, diminuindo o uso da energia suja produzida pelas usinas hidrelétricas. No primeiro e-mail, ela pede que os internaltas assinem uma petição via internet no intuito de juntar o máximo de assinaturas para convencer a presidente Dilma Rousseff a não concordar com o projeto. Mas pelo apelo no segundo e-mail, recebido por muitos internaltas hoje, dá pra ver que a ação não teve tanto êxito. A Avazz afirma: o governo aprovou uma licença parcial que libera a derrubada de árvores na região para a construção de Belo Monte, e  o Ministério Público do Pará declarou que a licença é ilegal e que não poderia ser emitida sem o cumprimento das condicionantes ambientais. A comunidade ainda afirma que a presidente Dilma “está se fazendo de surda”.
   Devido à falta de sucesso na primeira empreitada contra o projeto Belo Monte, a Avazz pede que todos liguem para o gabinete da presidente Dilma e exijam a revogação da licença ambiental que é a porta de entrada para o caos na Amazônia. Tão contundente ação por parte da comunidade virtual é uma grande demonstração de que seus ideais são dos mais sinceros e de que a opinião pública deve ser a voz soberana de uma nação. Utilizar o melhor meio, a internet, para mobilizar a população a se envolver numa causa mais que justa e preocupante é uma ótima estratégia. Nenhum meio de comunicação e mais democrático e livre. E todos os brasileiros devem se manifestar contra ou a favor o projeto Belo Monte. Afinal, é a Amazônia que está em jogo, mais uma vez!



quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "Meu amigo"


III Dia


Meu Amigo

   Meu Amigo, não sou o que pareço. O que pareço é apenas uma vestimenta cuidadosamente tecida, que me protege de tuas perguntas e te protege da minha negligência.
  Meu Amigo, o Eu em mim mora na casa do silêncio, e lá dentro permanecerá para sempre, despercebido, inalcançável.
  Não queria que acreditasses no que digo nem confiasses no que faço – pois minhas palavras são teus próprios pensamentos em articulação e meus feitos, tuas próprias esperanças em ação.
 Quando dizes: “O vento sopra do leste”, eu digo: “Sim, sopra mesmo do leste”, pois não queria que soubesses que minha mente não mora no vento, mas no mar.
 Não podes compreender meus pensamentos, filhos do mar, nem eu gostaria que compreendesses. Gostaria de estar sozinho no mar.
 Quando é dia contigo, meu Amigo, é noite comigo. Contudo, mesmo assim falo do meio-dia que dança sobre os montes e da sombra de púrpura que se insinua através do vale: porque não podes ouvir as canções de minhas trevas nem ver minhas asas batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouças nem vejas. Gostaria de ficar a sós com a noite.
  Quando ascendes a teu Céu, eu desço ao meu Inferno – mesmo então chamas-me através do abismo intransponível, “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada”, e eu te respondo: “Meu Amigo, Meu Companheiro, Meu Camarada” – porque não gostaria que visses meu Inferno. A chama queimaria teus olhos, e a fumaça encheria tuas narinas. E amo demais meu Inferno para querer que o visites. Prefiro ficar sozinho no Inferno.
  Amas a Verdade, e a Beleza, e a Retidão. E eu, por tua causa, digo que é bom e decente amar essas coisas. Mas, no meu coração rio-me de teu amor. Mas não gostaria que visses meu riso. Gostaria de rir sozinho.
  Meu Amigo, tu és bom e cauteloso e sábio. Tu és perfeito – e eu também, falo contigo sábia e cautelosamente. E, entretanto, sou louco. Porém mascaro minha loucura. Prefiro ser louco sozinho:
  Meu Amigo, tu não és meu Amigo, mas como te farei compreender? Meu caminho não é o teu caminho. Contudo juntos marchamos, de mãos dadas.

Continua...
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Poesia
                                                                                                                                

Chuva
Ivan Silva
A chuva desabou das alturas
E me estraçalhou como um beijo,
Fundindo seu manto colossal
De vento e umidade ao meu velho
Corpo que refugia-se nessa forte emoção.

Andorinhas sobrevoam as searas encharcadas,
Cortando os ares com seus corpos fortes.
A terra acorda para o fenômeno, a
Metamorfose que dá aos céus uma
Cor furiosa e um semblante de deus grego.

Peço à chuva que se jogue sobre
O solo seco da humanidade, e
Se una a ela com a cumplicidade
Que há entre a raiz e o chão, um
Gostoso romance entre elementos
De sigilosas e ímpares naturezas.



Poesia escrita em 2009. No dia em que a escrevi chovia bastante, e acho que me deixei levar pelo clima gostoso. Será que levo jeito para a poesia? Bom, gosto de me arriscar de vez em quando.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "Deus"

II Dia

Deus

  Nos antigos dias, quando a primeira palpitação da linguagem chegou aos meus lábios, subi a sagrada montanha e falei a Deus, dizendo: "Senhor, sou Teu escravo. Teu desejo oculto é a minha lei, e obedecer-te-ei para sempre." 
  Mas Deus não respondeu e, como uma poderosa tempestade, seguiu adiante.
  E depois de mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo: "Criador, sou Tua criação. Da argila me fizeste, e a ti devo tudo o que sou."
  E Deus não respondeu mas, como um milhar de asas ligeiras, segui adiante.
  E depois de mil anos, subi a sagrada montanha e falei a Deus novamente, dizendo: "Pai, sou Teu filho. Com piedade e amor deste-me nascimento, e mediante amor e adoração herdarei Teu reino."
  E Deus não respondeu e, como uma neblina que encobre os montes ao longe, seguiu adiante.
  E depois de outros mil anos, subi a sagrada montanha e novamente falei a Deus, dizendo: "Meu Deus, minha meta e minha contemplação, sou Teu ontem e Tu és meu amanhã. Sou Tua raiz na terra e Tu és minha flor no céu; e juntos crescemos ante a face do sol."
  Então, Deus curvou-se sobre mim e sussurrou palavras doces ao meu ouvido, e, tal como o mar envolve um arroio que corre para ele, assim Ele me envolveu.
  E quando desci aos vales e às planícies, Deus estava também lá.

Continua...
  
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "O Louco"

Olá, internautas
   
   Diariamente será publicado, aqui no Trem Brasileiro, um capítulo da obra "O Louco", do grande escritor, poeta, ensaísta e filósofo libanês Khaliu Gibran (1883-1931). É um livro fascinante, que está me encantando a cada página, e tenho certeza de que vocês também vão adorar. Os escritos de Gibran são mensagens muito edificadoras e possuem o poder de nos fazer olhar a existência de forma diferente, aguçando nossa sensibilidade, muitas vezes agredida por fatos cotidianos. Para começar, apreciem o texto O Louco, que dá inicio à obra. Boa Leitura...

O Louco

 Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

   Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
    Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
   E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
   Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
  Assim me tornei louco.
 E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.


Continua...



quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Mudanças...

2011 TEM NOVIDADES!!!

   Neste ano de 2011, o Trem Brasileiro passará por algumas mudanças fundamentais. Elas surgem da necessidade de adequação às tendências do mundo virtual, às maravilhas fascinantes que ele oferece e à necessidade dos leitores de sempre ter em mãos o melhor conteúdo. Desde sua inauguração, em setembro de 2010, este blog vem progredindo de maneira muito positiva, e isso só está ocorrendo devido a intensa participação dos internaltas, famintos por novidade. Sem a força daqueles que seguem, contribuem com seus valiosos comentários e apreciam as postagens do blog seria absolutamente impossível o sucesso deste projeto. O Trem Brasileiro tem profunda gratidão pelo carinho de vocês!
   Com o tempo, mais e mais pessoas estão acreditando e aderindo à proposta deste blog, que é a de ser um veículo de informação com teor crítico ou não, e sempre livre. Colaboradores estão surgindo, e para 2011 teremos mais pessoas postando seus textos no Trem, ajudando a enriquecer com diversidade ideológica estas páginas. E se depender do empenho e determinação da equipe que apóia o projeto Trem Brasileiro, os leitores vão encontrar bons motivos para adicionar o blog aos seus favoritos e ajudar a difundir sua publicidade. 
    Janeiro é um mês de férias para muitos. Mas nos bastidores do Trem Brasileiro o trabalho e planejamento não pára. Reportagens, vídeos, crônicas, dissertações, charges entre outras preciosidades serão oferecidas aos leitores a partir de fevereiro. Tudo isto graças ao esforço de parceiros que estão empenhados em construir a estrutura do blog, através do uso de tecnologias e conhecimentos diversos em design, publicidade, webjornalismo entre outras áreas afins. Os internaltas terão diversidade de conteúdo em um blog mais amplo e com mais recursos para visualização de textos, imagens, vídeos, anúncios e muito mais. Essas melhorias serão implementadas no decorrer de 2011.
    Finalizando, semana que vem terá inicio a publicação de matérias sobre a cidade de Palmas, capital do Tocantins, local de onde o Trem Brasileiro é cuidado com todo o carinho. Um giro por alguns setores que precisam urgentemente da atenção das autoridades...
     Um grande abraço a todos vocês e fiquem sempre ligados, pois a qualquer momento o Trem apita...

     Ivan Silva, 
    Trem Brasileiro.

   

sábado, 8 de janeiro de 2011

Eu Odeio Terrorismo!

Marcelo Victor

  Eu, definitivamente, odeio terrorismo. Mas o “terrorismo” a que me refiro não é aquele pregado pelas grandes mídias, referindo-se às estratégias de guerra utilizadas pelos islâmicos. Não. Já sou maduro o suficiente para saber que o conflito criado pelos ricos é “guerra”, e as ofensivas realizadas pelos pobres é “terrorismo”.
  Não, o terrorismo do qual eu tenho asco é esse que nos rodeia, este que está a nossa volta todo o tempo. Ele está lá quando você abre o seu e-mail: “se você não mandar essa mensagem para 30 pessoas algo ruim vai te acontecer, e bla bla bla...”. Ora, por favor. Ele está presente na esfera política: “não vote no(a) candidato(a) X, pois ele(a) vai acabar com tal programa ou fundar tal seita satânica e bla bla bla...”. Ele está, inclusive, internalizado dentro de nós: “menino, não faça isso que Deus vai te castigar...”ou “se você teimar o bicho papão vai te pegar”. Isso sim é terrorismo.
  Terrorismo não é morrer em nome de uma causa. Terrorismo não é explodir uma bomba amarrada a seu corpo para matar dezenas de inimigos que querem invadir seu país, roubar suas riquezas e intervir na sua cultura. Terrorismo, no seu sentido real, é usar do medo, do terror, para alcançar algum resultado e/ou suprimir alguma idéia, movimento ou sentimento. E isso, podem acreditar, não é uma particularidade do Oriente Médio.
  Terrorismo é quando um governo cria um “inimigo público” e atribui a ele todas as barbaridades do mundo, e com isso consegue aprovar leis que suprimem a liberdade e a privacidade de toa uma população com a desculpa de manter a segurança. Isso aconteceu a poucos anos nos Estados Unidos.
  Terrorismo também é quando você cruza com um negro mal vestido na rua, em plena madrugada, e acha que vai ser assaltado. Ou seja, é atribuir uma periculosidade a uma classe específica de pessoas. No Brasil é assim, não é? Ou eu estou equivocado?
   É gritar aos quatro ventos que determinada doença vai dizimar a humanidade em poucas semanas, antes de analisar a verdadeira potencialidade de tal agente biológico. E assim os laboratórios faturaram bilhões durante a onda de gripe suína e deram um alívio à crise mundial que figurava na época. Foi um “terrorismo mundial”. Que fiasco!
  A existência de um grupo que tem o interesse de impor o terror ao mundo, e dessa forma conseguir implantar os seus planos é fato. Mas esses a quem me refiro não usam turbantes nem empunham metralhadoras AK-47. Os verdadeiros terroristas, os realmente perigosos, vestem terno Armani, empunham uma taça de champanhe e não estão na lista dos 10 mais procurados do FBI. Cuidado com eles.

Marcelo Victor é psicólogo e colaborador do Trem Brasileiro.


domingo, 2 de janeiro de 2011

Contentamento Forçado!

OPINIÃO: "ELA TOMA POSSE, ENQUANTO OS DRAGÕES DA INDEPENDÊNCIA TOCAM "COMIGO É NA BASE DO BEIJO", DA CLÁUDIA LEITTE! 

Ivan Silva

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   Política, para mim, já foi algo irrelevante. Houve um tempo em que me divertia bastante folheando revistas e jornais com aquelas caricaturas e charges, sempre satirizando os mais importantes políticos. Ainda dou boas risadas, claro, mas antes o que me fazia gargalhar eram apenas os traços físicos exagerados dessas figuras patéticas nos desenhos. Hoje, o exagero que me chama a atenção é outro, está nas entrelinhas, onde grande parte das pessoas enxerga virtude. E acompanhando, nesta minha breve existência de 22 anos, mais um episódio marcante na história de nossa tão conturbada política, eu tenho certeza de que a vida é algo muito, mas muito gozado.
   Acho que todos nós deveríamos admitir que não se discute política decentemente no Brasil. Eu mesmo sinto isso na pele. Temos pessoas que fazem grandes questionamentos políticos sem sequer conhecer o básico sobre o político e o partido que defendem. Deixam-se levar pelo teor sedutor da propaganda política, sem qualquer preocupação com o senso crítico. Ou vão pela maioria, como é de praxe.
    E por falar em propaganda, me lembrei de uma matéria fantástica que estava lendo essa semana sobre o nazismo. Como um partido e os ideais de um único homem foram capazes de hipnotizar um país inteiro como a Alemanha, fazendo-a acreditar que descendiam da mais pura linhagem da raça ariana, e de que as demais “raças”eram tão valiosas quanto estrume de vaca. E o pior é saber que, mesmo não sendo nazistas, existem muitos partidos e políticos que usam essas táticas por ai. E tornam-se rivais dos discordantes, chamando-os de inimigos do povo e restringindo-os a campos de concentração por conta de suas idéias. A voz do povo é a voz de Deus e câmaras de gás aos ateus.
   Hoje liguei a TV, e assisti à cerimônia de posse da primeira presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Achei extremamente belo todo o evento, com os Dragões da Independência tocando hits da Ivete Zangalo e da Cláudia Leitte. Uma imensidão de políticos e uma enorme militância vermelha que, ao aproximar da câmera, faziam gestos positivos e exibiam seu sorriso puro de povo. Pensei comigo: “como é magnífica essa nossa democracia”. E como o povo está apto para decidir o futuro. Eu ainda abomino a figura de Dilma Rousseff e do Lula, pois a proposta política e o jeito de governar de ambos jamais me agradaram. A razão? Bom, não vou perder tempo falando dos motivos pelos quais eu não os aprecio, até por que a essas alturas do campeonato de nada adiantaria eu tentar “disputar queda de braço com Sansão”. Contra o povo, eu sou apenas uma pulga, tão vulnerável e pobre. E minha acidez pode me tornar um inimigo da democracia. Contra a marketagem de Lula e Dilma eu sou apenas um judeu indefeso.
   Enfim, não quero que sintam raiva de mim por querer estragar a alegria da maioria. Diante da inexorabilidade dos fatos, resta a mim o contentamento forçado como medida antidepressiva. Enquanto o Brasil mergulha de corpo e alma nas águas límpidas de um governo socialista, com Hugo Chávez na platéia, eu continuo com minha vida meio “neoliberal”. Afinal, quem não quer crescer? Vou continuar acreditando que o setor privado é bem mais competente que o estado para administrar uma empresa. Se todos podem seguir uma tendência, por eu não posso seguir a minha?
   Diante da fatalidade, desejo um bom governo a Dilma Rousseff, e que ela possa, num surto de rebeldia, tornar-se independente das ideologias petistas, e fazer um governo do modo como seu bom senso e a real necessidade dos brasileiros permitir. E que ela possa dar continuidade às conquistas dos direitistas, esquerdistas e centristas. Que governe para todos os brasileiros, conquistando os pelas suas ações e não pelas suas propagandas. Hipnotismo nacional só com Hitler, e ele já desceu gordo, sorridente e popular lá do parlatório...