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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Ano Eleitoral

  Por Fábio Gibran   


Fábio Gibran

   Estamos no ano de 2010, momento histórico importante para a nação brasileira, pois é ano político, e cada pessoa vai exercer plenamente sua cidadania, decidindo os rumos do país por mais quatro longos anos.
  O Brasil é um país de riquezas naturais surpreendentes, nossa fauna e flora são belíssimas. Politicamente, vivemos numa sociedade de regime republicano e democrático, de ideologia neoliberal de um sistema econômico capitalista, o que levam todos os bens produzidos no país a serem comercializados. Somos também uma nação de grande diversidade cultural, fazendo de cada região ou até mesmo de cada estado um denso caldo cultural. A cultura de um povo revela a sua identidade (aqui está descrito de uma forma ampla, Antropológica), como os valores, crenças, hábitos, costumes e modos de ser e pensar que caracterizam uma civilização. A nossa cultura, especificamente, foi construída tendo como cimento três matrizes: cultura indígena, africana e luso-européia.
   Como vivemos num mundo culturalmente heterogêneo, somos levados a acreditar que a cultura não sofre influências de forças externas de nenhuma forma (aqui não está colocado no sentido amplo, antropológico), no entanto, a realidade nos mostra que não é bem assim. Nas últimas décadas presenciamos um avanço avassalador da tecnologia, em diferentes ramos do conhecimento, como, por exemplo, as tecnologias atreladas aos setores de comunicação (rádio, televisão, internet, celular). Nesse sentido, podemos dizer que a cultura democratizou-se, mas não é o que vemos e nem presenciamos. Pensamos também que não há nenhum resquício de ditadura no Brasil. O que podemos dizer e acreditar, devido ao avanço tecnológico no ramo das comunicações, é que realmente a informação e a cultura chegam aos "cidadãos" brasileiros de uma forma livre e democrática.
   Política, economia, cultura, comunicação e mídia estão fortemente entrelaçadas. Qual a função da economia num sistema capitalista, resumidamente que atenda o tripé: produção, consumo e lucro? Qual a função da política? Etimologicamente vem da palavra grega Polis (cidade) que é a arte de governar, promulgar leis para o benefício dos "cidadãos" de uma dada sociedade. E da comunicação? Seria informar a população dos fatos e acontecimentos decorrentes do mundo. E a cultura, o que seria? Tentar definir a cultura é muito difícil, diria até impossível, dada a sua dimensão. Mas vamos tentar de uma forma bem condensada e simples (se é que isso é possível): é o conjunto das ações e dos feitos humanos, através da transformação pelo trabalho humano da coisa dada pela natureza. (Aqui no sentindo amplo, Antropológico).
   Assim, cultura abrange todos os feitos humanos, indo desde o simples martelo de prego até a construção de complexas arquiteturas do mundo moderno. E a mídia? Mídia e comunicações estão fortemente conectadas, portanto podemos afirmar que são interdependentes.
   Como vivemos numa sociedade de economia capitalista, todos os bens e recursos naturais são extraídos no sentido de serem comercializados. Nisso, a mídia, a propaganda e a publicidade têm um papel fundamental. De estimular a população a consumir (muitas vezes aquilo que não precisamos). Portanto, política, economia, cultura, mídia, comunicação gira em torno de um único objetivo: a de fazer a população consumir.
    Como foi dito no início do texto, vivemos um ano importante, um ano de decisões políticas, de decidirmos quem irá governar o país por mais quatro anos. Mas será que estamos amadurecidos e conscientes politicamente para tomar uma decisão tão importante assim? É lei os candidatos exporem seus planos políticos na televisão, o que pretendem e quais são seus projetos para a melhoria da sociedade. Mas como tudo gira em torno de lucros e de permanência do Status Quo, os principais candidatos a serem o possível presidente(a) da república já foram formulados, como na forma de um jogo de "cartas marcadas" para que uma classe dita dominante se mantenha no poder político e econômico.
   Vale lembrar, que esse ano também foi ano de copa do mundo, e como o futebol está fortemente enraizado na nossa cultura, muitas vezes, infelizmente, nos deparamos com comentários poucos engajados politicamente, mas profundamente especializados futebolisticamente. A mídia tratou a copa do mundo como um grande espetáculo. Foi um show de imagens, os jogadores foram captados por todos os ângulos. O mundo do futebol é visto também como uma mercadoria, de transações milionárias e é bastante difundido pelos meios de comunicações de massa.
   Ano de copa do mundo e ano de política, qual dos dois termos é mais usado cotidianamente pelos brasileiros, ou melhor, qual dos dois eventos é visto como mais importante pela população? Como a mídia induz ao consumo e ao entretenimento, o futebol encontra-se mais presente nas palavras proferidas pelos brasileiros do que a política e visto também, por muitas pessoas, como de maior importância (além disso, a forma como a mídia atua na sociedade, impondo as nossas preferências pessoais em relação à música, à cultura do futebol etc.
   Tratando o esporte de uma forma mais importante que a política, essa imposição seria um resquício da ditadura. Uma ditadura midiática. Há verdadeiras pessoas especializadas no assunto futebolístico, e muitas pessoas desentendidas da vida política. Basta observar, por exemplo, no ambiente de trabalho, nos intervalos da jornada de trabalho, os funcionários geralmente se reúnem para conversar e o tema bastante discutido é o futebol: "Você viu o Flamengo ganhou", "o Palmeiras perdeu e o Fluminense está na ponta do campeonato brasileiro". "Quantos gols incríveis no final de semana, um mais bonito que o outro". É muito comum ouvirmos comentários voltados pro futebol nas paradas de ônibus, nas ruas, nos barbeiros etc. Todos discutindo minuciosamente o assunto, como especialistas. "Você viu o político x tem ótimas propostas"? "Mas o político y quer realmente fazer uma mudança verdadeira na sociedade brasileira, e além do mais ele é socialista e para mim esse sistema é mais justo que o capitalismo”. Assunto desse calibre infelizmente é muito incomum e raro no dia a dia da população.
   Se um dos papéis da mídia seria informar, então o papel dela seria também o de educar a população no sentido de estimular à conscientização política, mas como os meios de comunicação estão a serviço das classes dominantes, o que vemos, muitas vezes, é desinformar, alienar e implantar uma cultura de consumo.
   Este ano vamos decidir os rumos do Brasil. Na lógica, teríamos que presenciar as pessoas discutindo e debatendo sobre as propostas políticas dos candidatos, e no dia das eleições votarmos conscientemente. Uma sociedade realmente democrática não se resume no fato dos "cidadãos" votarem, mas também de terem uma opinião política consolidada. Numa democracia, o poder está nas mãos do povo. Isso quer dizer que os membros da sociedade são os responsáveis por decidirem os seus representantes, mas o que vemos e presenciamos são pessoas indiferentes e alienadas politicamente, que não percebem o quanto a política faz parte do seu dia a dia, e em todas as esferas sociais. Democracia é também sinônimo de justiça social, de igualdade, e de distribuição igualitária das riquezas e renda econômica para o usufruto da população.
   Somos uma nação de grandes riquezas naturais. A diversidade cultural também é uma forte marca da identidade brasileira. Somos uma nação republicana e de uma democracia ainda muito jovem, passamos, recentemente, por um período histórico bastante conturbado, de ditadura militar. Vivemos num sistema econômico capitalista onde a mídia é dominada por uma elite burguesa, e ela exerce seu papel de uma forma para estimular o consumo, o entretenimento e muitas vezes de desinformar a população das questões políticas. Para exercemos efetivamente a nossa cidadania deveríamos nos ater mais às questões políticas, e também de gostar do assunto sem achá-lo chato e enfadonho. De vê-la como algo importante, e de também percebermos o quanto a política está presente nas nossas vidas. Só assim que seremos verdadeiros cidadãos sem aspas, conscientes dos seus direitos e deveres, e, conseqüentemente, membros de uma sociedade efetivamente democrática, onde o povo estaria no poder e não uma minoria burguesa e conservadora da direita.

Fábio Gibran
(Estudante)
 Concórdia - SC


Um comentário:

Daniel Lacerda disse...

Grande Fábio, se expressando super bem!