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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "As Sonâmbulas"

V Dia

As Sonâmbulas

  Na cidade onde nasci, viviam uma mulher e sua filha. E ambas eram sonâmbulas.
  Uma noite, quando o silêncio envolvia o mundo, a mulher e a filha, caminhando no sono, encontraram-se no jardim, meio velado pela neblina.
  E a mãe falou: “Por fim, por fim, minha inimiga! Aquela por quem minha juventude foi destroçada, que construiu sua vida sobre as ruínas da minha! Pudesse matá-la.”
  E a filha falou: “Ó odiosa mulher, velha e egoísta, que se antepõe entre mim e meu Eu livre, que gostaria de fazer de minha vida um eco de sua vida fanada! Quem dera estivesses morta!
  Nesse momento, uma galo cantou, e ambas as mulheres acordaram. A mãe perguntou ternamente: “És tu, querida?” E a filha respondeu ternamente: “Sim, querida.”


Série 35 dias com Khaliu Gibran. Todos os dias um novo texto de um 
dos maiores representantes da Literatura Árabe.

Alguém conhece o ditador egípcio?

Marcelo Victor

Hosni Mubarak
   Vamos fazer uma pequena retrospectiva até o final de dezembro de 2010. Quem de nós, há exatos trinta dias, sabia que o Egito era governado por uma ditadura que já dura trinta anos? Quem já tinha ouvido o nome Hosni Mubarak, o presidente ditador? Aposto que quase ninguém. E não é de se admirar que seja assim, uma vez que essas notícias não são divulgadas.
   Nós sabemos (pois eles nos dizem) que no Irã tem um ditador no poder, sabemos que na Coréia do Norte tem um ditador no poder, sabemos que Fidel e Chavez são ditadores, mas do Egito nós não sabemos nada. E por quê? Quem arrisca dar a resposta? Quem apóia o governo de Hosni Mubarak? Acertou quem disse Estados Unidos.
   Pra quem não sabe, o Egito é o braço direito dos Estados Unidos no mundo árabe. Graças a sua localização, o país é a rota por onde passa todo o carregamento de petróleo com destino a América, através do Canal de Suez. E como o óleo negro é o combustível que faz daquele país a grande potência que é, eles não podem deixar de ter boas relações com esse porto estratégico.
    Mas a questão que fica é: Algumas ditaduras, principalmente as que não negociam com o FMI, são alvo de ataques por parte da imprensa diariamente, assim como também são alvos de guerras. Mas as ditaduras que “são do esquema”, que aceitam as regras, essas têm o apoio dos “defensores dos oprimidos e da paz”, e ficam intocadas inclusive pela imprensa ridiculamente manipulada.
    Não estou dizendo aqui que essa barbárie de dar base a governos ditadores seja uma prática do governo de Barack Obama. Como disse, a ditadura lá existe há trinta anos. Se instalou bem antes de Obama, Bush ou Clinton sentarem na cadeira de presidente. E falando em Clinton, a ex-primeira-dama Hillary declarou, na semana passada, que o regime de Mubarak era estável, e não havia risco deste deixar o poder. Acredito que o discurso já mudou depois dos últimos acontecimentos.
   O engraçado é que o presidente Lula era crucificado e acusado de “passar a mão na cabeça” dos ditadores pelo mundo afora, quando se omitia de tomar posição ante a alguns fatos. Ao ver o que os seus colegas, o presidente americano e francês (que também apoiavam a ditadura de Ben Ali na Tunísia) fazem, fica parecendo piada o que divulga a mídia brasileira.
   Apesar da tentativa do governo egípcio de censurar a internet no país, as notícias continuam correndo o mundo, assim como as imagens da população nas ruas, lutando pela queda do regime. Os mortos já somam 120, mas há rumores de que o exército já começa a se recusar a reprimir os protestantes. Primeiro sinal de que o fim dos conflitos está próximo. Fica a minha torcida pela vitória do povo.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 

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