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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Alguém conhece o ditador egípcio?

Marcelo Victor

Hosni Mubarak
   Vamos fazer uma pequena retrospectiva até o final de dezembro de 2010. Quem de nós, há exatos trinta dias, sabia que o Egito era governado por uma ditadura que já dura trinta anos? Quem já tinha ouvido o nome Hosni Mubarak, o presidente ditador? Aposto que quase ninguém. E não é de se admirar que seja assim, uma vez que essas notícias não são divulgadas.
   Nós sabemos (pois eles nos dizem) que no Irã tem um ditador no poder, sabemos que na Coréia do Norte tem um ditador no poder, sabemos que Fidel e Chavez são ditadores, mas do Egito nós não sabemos nada. E por quê? Quem arrisca dar a resposta? Quem apóia o governo de Hosni Mubarak? Acertou quem disse Estados Unidos.
   Pra quem não sabe, o Egito é o braço direito dos Estados Unidos no mundo árabe. Graças a sua localização, o país é a rota por onde passa todo o carregamento de petróleo com destino a América, através do Canal de Suez. E como o óleo negro é o combustível que faz daquele país a grande potência que é, eles não podem deixar de ter boas relações com esse porto estratégico.
    Mas a questão que fica é: Algumas ditaduras, principalmente as que não negociam com o FMI, são alvo de ataques por parte da imprensa diariamente, assim como também são alvos de guerras. Mas as ditaduras que “são do esquema”, que aceitam as regras, essas têm o apoio dos “defensores dos oprimidos e da paz”, e ficam intocadas inclusive pela imprensa ridiculamente manipulada.
    Não estou dizendo aqui que essa barbárie de dar base a governos ditadores seja uma prática do governo de Barack Obama. Como disse, a ditadura lá existe há trinta anos. Se instalou bem antes de Obama, Bush ou Clinton sentarem na cadeira de presidente. E falando em Clinton, a ex-primeira-dama Hillary declarou, na semana passada, que o regime de Mubarak era estável, e não havia risco deste deixar o poder. Acredito que o discurso já mudou depois dos últimos acontecimentos.
   O engraçado é que o presidente Lula era crucificado e acusado de “passar a mão na cabeça” dos ditadores pelo mundo afora, quando se omitia de tomar posição ante a alguns fatos. Ao ver o que os seus colegas, o presidente americano e francês (que também apoiavam a ditadura de Ben Ali na Tunísia) fazem, fica parecendo piada o que divulga a mídia brasileira.
   Apesar da tentativa do governo egípcio de censurar a internet no país, as notícias continuam correndo o mundo, assim como as imagens da população nas ruas, lutando pela queda do regime. Os mortos já somam 120, mas há rumores de que o exército já começa a se recusar a reprimir os protestantes. Primeiro sinal de que o fim dos conflitos está próximo. Fica a minha torcida pela vitória do povo.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 

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2 comentários:

Daniel Lacerda disse...

Como estou orando ao Senhor para que dê tudo certo, e então o Egito possa ter a tão sonhada democracia. Muitos missionários evangélicos tem sofrido prisões, torturas e mortes naquelas terras, devido ao rigoroso sistema imposto por Mubarak.Com essa revolução, quebraremos parte do imperialismo norte americano, diferentemente de anos atrás, na tão horrível guerra do vietnã. Parabéns ao Trem Brasileiro, conte com nosso apoio!

Ivan Silva disse...

Ótimo texto de Marcelo Victor. É uma vergonha vivermos num mundo onde ainda existem ditaduras, seja elas públicas ou ocultas. A postura dos ditadores vai contra a linha evolutiva. É totalmente retrógrada! Precisamos dar um basta nisso, de uma vez por todas! Parabéns a Marcelo Victor pelo brilhante texto postado no Trem Brasileiro.

Valeu Daniel. Sempre com ricos comentários!