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sábado, 18 de junho de 2011

REPRESSÃO DENTRO DO CEULP/ULBRA!

Movimento Voto Consciente
Palmas-TO


“A medida que a comunicação se torna maior e melhor, fica claro que a intolerância é a verdadeira pequenez do homem” (Spielberg). 



     Dia 17 de junho de 2011, à noite, os acadêmicos de Comunicação Social, Rodrigo Gomes e Ivan Silva, estavam distribuindo panfletos do Movimento Voto Consciente, quando foram abordados por seguranças dentro do CEULP/ULBRA que, segundo informações de membros das duas chapas concorrentes na eleição 2011 do DCE (Diretório Central dos Estudantes), foram contratados pelo órgão para garantir a “tranqüilidade” no processo eleitoral. Os panfletos pediam para os alunos não votarem, como forma de protesto à falta de informação e transparência sobre o processo eleitoral do DCE. Conteúdo neutro, sem ofensas e menções diretas a qualquer chapa.
   Os seguranças, vestidos de preto e com postura militar, chegaram acompanhados por integrantes de uma das chapas concorrentes, e simplesmente avançaram sobre os dois acadêmicos e tomaram à força os panfletos. Um deles disse “vamos apreender esse material”. Totalmente acuados e intimidados, os acadêmicos exigiram a devolução do material, mas não foram atendidos. Os seguranças os mandaram calar a boca, e levaram os panfletos, cuja impressão foi consentida pela Coordenação do Curso de Comunicação Social. Vários acadêmicos assistiram, chocados, às cenas de repressão.
  Apoiados por acadêmicos, professores e pela coordenadora do Curso de Comunicação Social, Irenides Teixeira, Rodrigo e Ivan procuraram a diretoria da Ulbra para relatar o que aconteceu e exigir providências imediatas da instituição. Com a colaboração de todos, a polícia militar foi acionada para que os alunos reprimidos pudessem ter amparo e segurança, e as providências legais fossem tomadas.
   Sem dúvida, esse triste e lamentável episódio deixará marcas profundas nos acadêmicos que sofreram com esse ato de selvageria e insanidade por parte dos seguranças contratados pelo DCE. Total irresponsabilidade do DCE! O artigo 5º da Constituição Federal, bem como os artigos 18 e 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, garantem a liberdade de expressão e manifestação do pensamento, sem qualquer tipo de repressão.
   Providências precisam ser tomadas. Isso não pode ser ignorado. Alunos não podem ter sua liberdade de expressão cerceada. Por isso, o Movimento Voto Consciente convida todos os alunos do CEULP, e também a todos que desejarem lutar pela causa, para que façam parte deste movimento. Não há bandeira ou partido. O que se deseja é transparência, ética, respeito e moral por parte do DCE, que é um órgão que existe para defender os estudantes. Os acadêmicos do CEULP merecem respeito!
  Acompanhem o movimento pelas redes sociais e no CEULP! Juntos, podemos mais!!!

domingo, 29 de maio de 2011

Momento Poesia apresenta: "Réus"

Ivan Silva


Passos nos corredores, sons alucinantes
De máquinas a todo o vapor...
Ruídos que explodem do peito, e 
Fazem das bocas mensageiras venais.


Corpos nos corredores, arrastando suas caixas,
Seus projéteis, suas razões mortíferas,
Seus ternos sujos de poeira, seus cabelos belos
Revoltos entre arrotos e risos forçados.


Passos nos corredores, quase mudos
Arrastando o passado em sons hipnóticos,
Seguindo o embalo do relógio, dançando
A música  dos réus da inutilidade.


Corpos nos corredores, quase jazem
Entre protocolos, sistemas e vontades,
Sendo números secos, bocas secas.
Juntando pedaços que se acumulam nos 
Cantos.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O mundo é um grande comércio

 Marcelo Victor

   Se eu dissesse numa única frase, curta e grossa, que “o mundo é um grande comércio”, talvez não causasse o impacto que realmente deveria causar nos meus leitores, nem seria compreendida a profundidade da afirmativa como desejaria que fosse. Então decidi transcorrer algumas linhas a mais para tentar mostrar a partir de qual ponto de vista eu falo isso.
   Um grande comércio, eu digo, pois em todos os aspectos da vida moderna temos como base, relações monetárias, relações de custo-benefício. Por mais incomum que possa soar, é assim que funciona a sociedade baseada no capital.
   Alguém poderia me dizer, então, o que a televisão faz o tempo todo, durante os intervalos do futebol e da novela? E até no meio do futebol e da novela? O que são os “comerciais”? COMÉRCIO.
   Alguém poderia me dizer qual o verdadeiro intuito das guerras? Cada metralhadora na mão de um soldado, cada tanque blindado, cada avião supersônico e cada navio porta-aviões foi fabricado por alguém que o vendeu por um determinado preço a outro alguém. E se tem “alguém” que lucra cada vez que explode um conflito no mundo, tanto com a venda de armamento quanto na reconstrução das cidades destruídas, então a guerra só pode ser um COMÉRCIO.
   Puxando o assunto para algo atual, o risco de um desastre nuclear no Japão é resultado de que? A energia atômica é uma alternativa de energia mais eficiente, e se é mais eficiente, gera menos gasto e mais lucro. Então instala-se uma usina nuclear sobre um terreno que não para de tremer o ano todo, com um alto risco de catástrofe para a população local, em nome do melhor custo-benefício. Ou seja, o “negócio” colocado acima do “humano”. Essa é a regra do COMÉRCIO.
   E assim podemos continuar pontuando outros aspectos como educação, trabalho, lazer, saúde, felicidade, religiosidade, sexualidade, arte, todos se rendendo à lógica comercial. Essa lógica está impregnada em nós e dificilmente conseguimos pensar de forma desvinculada dela.
   Se o filósofo Aristóteles vivesse nos dias de hoje e presenciasse essa época confusa pós-revolução industrial, talvez reformulasse sua famosa frase “o homem é um ser social” para “o homem é um ser comercial”. E o Descartes, então, o que diria? “Penso no lucro, logo existo”. Trágico.



terça-feira, 22 de março de 2011

Não li, mas aprovo!

Ivan Silva

   Garimpando na internet, encontrei um livro fantástico. Ainda não o li, mas só pela pequena e grandiosa sintese no poeirablog.wordpress, dá pra ver que se trata de uma verdadeira preciosidade. É o livro Histórias Perdidas do Rock Brasileiro Vol.1, de Nélio Rodrigues, publicado pela Nipress Editora. De acordo com o blog, a obra revela o espetacular cenário roqueiro que antecedeu a explosão das bandas de rock nacionais dos anos 80. Bandas como The Bubbles (que depois passou a se chamar A Bolha), Analfabitles, Os Selvagens, Módulo 1000, entre outras, fizeram a farra da galera entre os anos 60 e 70, tocando em locais diversos e com uma aparelhagem da pesada, superando o equipamento de muitas bandas conhecidas e de prestígio. Algumas levavam a sério a conhecida filosofia "sexo, drogas e rock n' roll".  Nélio Rodrigues mostra que nem só de Mutantes, Raul Seixas e Secos e Molhados viviam os roqueiros brasileiros naquela dura época de ditadura militar e censura no Brasil.
   Quero ter o prazer de lê-lo, claro, assim que eu o encomendar pela internet e o meu tempo permitir. Quem puder comprar e ler esse livro com certeza conhecerá o fascinante mundo rock n' roll que construiu os alicerses sobre os quais estão os domínios do rock nacional underground e, acredito, do mídiatico. Os roqueiros que a mídia pôs no top of word naqueles tempos muita gente já conhece, não é?  Vale a pena então conferir o que acontecia no submundo, por onde só quem era de fato louco e desejava se libertar e viver a filosofia rock n' roll de verdade caminhava.
    Confira o texto com detalhes sobre o livro e uma entrevista feita a Nélio Rodrigues no Poeira Blog, da grande revista Poeira Zine.

Um abraço a todos!

sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma pequena porcentagem de alegria

Marcelo Victor


   É, parece que o mundo está mudando. Pena que a gente só fecha a janela depois que o ladrão já levou a televisão. Mas pelo menos o roubo já está claro pra todo mundo. Do que eu estou falando? Do documentário "Inside Job" de Charles Ferguson que, na madrugada de 28 de fevereiro, levou o Oscar na sua categoria.
   O documentário trata das artimanhas utilizadas por consultores de Wall Street para esconder os rombos que existiam nos bancos espalhados pelo mundo, e levar o problema até um patamar onde a crise estouraria de forma aterrorizante, induzindo a população a aceitar a aprovação de um pacote trilhonário “para salvar a economia americana”.
   Dentre outros envolvidos, o filme retrata a figura de Lawrence Summers, que entre outras proezas, ficou conhecido por declarações polêmicas como recomendar o incentivo à deslocalização de indústrias poluidoras para os países da periferia, e enquanto Reitor de Harvard, decretou a incapacidade da inteligência feminina em lidar com as complexidades das "hard sciences"(Ciências Duras).
   O documentário mostra que Summers faturou uma nota preta ao ministrar palestras remuneradas pelos “senhores das finanças” sobre as maravilhas da desregulamentação financeira. Entre suas idas e vindas ao governo, dedicava-se a assessorar instituições financeiras mediante farta remuneração.
   Enquanto secretário do Tesouro de Clinton, Lawrence Summers trabalhou intensamente para a aprovação no Congresso dos Estados Unidos do Gramm-Leach-Bliley Act. Essa lei derrotou a legislação dos anos 1930, o Glass-Steagal Act, que separava os bancos de depósito, os bancos de investimento, seguradoras e instituições voltadas para o financiamento imobiliário e "fundeadas" na poupança das famílias. As transformações ocorridas no sistema financeiro após isso desataram a livre e brutal concorrência no capitalismo das grandes empresas e das grandes instituições financeiras, segundo Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, em seu site.
   Para quem não entende muito de economia, que é o nosso caso, basta saber que os bancos que tinham a responsabilidade de cuidar das poupanças e dos financiamentos de imóveis populares, puderam, a partir da nova lei, brincar com o dinheiro alheio no mercado de ações, mesmo existindo o risco de perder tudo. Isso causou a crise.
   Outro caso assustador e também constrangedor, entre tantos de "Inside Job", é o do economista Frederick Mishkin. Ex-membro do Federal Reserve, Mishkin não consegue explicar porque às vésperas do colapso dos bancos da Islândia, produziu um relatório que assegurava a estabilidade do sistema financeiro do país, mediante um pagamento de US$ 124 mil. É incrivelmente grotesca a descoberta tais fatos.
   Mas como eu dizia no início, parece que o mundo está mudando. Digo isso porque essas práticas do sistema financeiro não são novas. A crise de 29, a crise do petróleo na década de 70, todas saíram desse mesmo manual. A diferença é que antes a população ficava alheia a todo o processo. Hoje temos um documentário sendo premiado por mostrar as armações de tais instituições. Vejam só que reviravolta, que progresso. De algum modo, sinto uma pequena “porcentagem” de alegria.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 


terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Literatura: Khaliu Gibran "As Sonâmbulas"

V Dia

As Sonâmbulas

  Na cidade onde nasci, viviam uma mulher e sua filha. E ambas eram sonâmbulas.
  Uma noite, quando o silêncio envolvia o mundo, a mulher e a filha, caminhando no sono, encontraram-se no jardim, meio velado pela neblina.
  E a mãe falou: “Por fim, por fim, minha inimiga! Aquela por quem minha juventude foi destroçada, que construiu sua vida sobre as ruínas da minha! Pudesse matá-la.”
  E a filha falou: “Ó odiosa mulher, velha e egoísta, que se antepõe entre mim e meu Eu livre, que gostaria de fazer de minha vida um eco de sua vida fanada! Quem dera estivesses morta!
  Nesse momento, uma galo cantou, e ambas as mulheres acordaram. A mãe perguntou ternamente: “És tu, querida?” E a filha respondeu ternamente: “Sim, querida.”


Série 35 dias com Khaliu Gibran. Todos os dias um novo texto de um 
dos maiores representantes da Literatura Árabe.

Alguém conhece o ditador egípcio?

Marcelo Victor

Hosni Mubarak
   Vamos fazer uma pequena retrospectiva até o final de dezembro de 2010. Quem de nós, há exatos trinta dias, sabia que o Egito era governado por uma ditadura que já dura trinta anos? Quem já tinha ouvido o nome Hosni Mubarak, o presidente ditador? Aposto que quase ninguém. E não é de se admirar que seja assim, uma vez que essas notícias não são divulgadas.
   Nós sabemos (pois eles nos dizem) que no Irã tem um ditador no poder, sabemos que na Coréia do Norte tem um ditador no poder, sabemos que Fidel e Chavez são ditadores, mas do Egito nós não sabemos nada. E por quê? Quem arrisca dar a resposta? Quem apóia o governo de Hosni Mubarak? Acertou quem disse Estados Unidos.
   Pra quem não sabe, o Egito é o braço direito dos Estados Unidos no mundo árabe. Graças a sua localização, o país é a rota por onde passa todo o carregamento de petróleo com destino a América, através do Canal de Suez. E como o óleo negro é o combustível que faz daquele país a grande potência que é, eles não podem deixar de ter boas relações com esse porto estratégico.
    Mas a questão que fica é: Algumas ditaduras, principalmente as que não negociam com o FMI, são alvo de ataques por parte da imprensa diariamente, assim como também são alvos de guerras. Mas as ditaduras que “são do esquema”, que aceitam as regras, essas têm o apoio dos “defensores dos oprimidos e da paz”, e ficam intocadas inclusive pela imprensa ridiculamente manipulada.
    Não estou dizendo aqui que essa barbárie de dar base a governos ditadores seja uma prática do governo de Barack Obama. Como disse, a ditadura lá existe há trinta anos. Se instalou bem antes de Obama, Bush ou Clinton sentarem na cadeira de presidente. E falando em Clinton, a ex-primeira-dama Hillary declarou, na semana passada, que o regime de Mubarak era estável, e não havia risco deste deixar o poder. Acredito que o discurso já mudou depois dos últimos acontecimentos.
   O engraçado é que o presidente Lula era crucificado e acusado de “passar a mão na cabeça” dos ditadores pelo mundo afora, quando se omitia de tomar posição ante a alguns fatos. Ao ver o que os seus colegas, o presidente americano e francês (que também apoiavam a ditadura de Ben Ali na Tunísia) fazem, fica parecendo piada o que divulga a mídia brasileira.
   Apesar da tentativa do governo egípcio de censurar a internet no país, as notícias continuam correndo o mundo, assim como as imagens da população nas ruas, lutando pela queda do regime. Os mortos já somam 120, mas há rumores de que o exército já começa a se recusar a reprimir os protestantes. Primeiro sinal de que o fim dos conflitos está próximo. Fica a minha torcida pela vitória do povo.


Marcelo Victor é psicólogo, especialista em educação e trabalha no Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador-TO). 

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